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I. Dos cuidados gerais a serem tomados pelos candidatos:
II. Da Proposta:
DISSERTAÇÃO
Texto 1
O “Dr. Google” é considerado a fonte menos qualificada para fazer qualquer diagnóstico de saúde. Pelo menos entre especialistas. No entanto, um estudo publicado recentemente no periódico científico Medical Journal of Australia sugere exatamente o contrário. Segundo a pesquisa, fazer uma busca na internet sobre os sintomas, antes de procurar o serviço emergencial, pode ser útil para garantir um atendimento mais eficaz.
A explicação é a seguinte: a busca rápida permite que o paciente esteja mais bem preparado para fazer perguntas, o que pode melhorar a comunicação com o médico.
(Adaptado de: Consulta ao “Dr. Google” pode ajudar na interação médico-paciente. Disponível em: https://veja.abril.com.br)
Texto 2
Algumas pessoas navegam no TikTok e no Instagram em busca de receitas, memes e notícias mais leves. Erin Coleman diz que sua filha de 14 anos usa esses aplicativos para pesquisar vídeos sobre diagnósticos de saúde mental.
Com o tempo, a adolescente começou a se identificar com os criadores, segundo sua mãe, e se convenceu de que tinha os mesmos diagnósticos, incluindo transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), depressão, autismo, misofobia (medo extremo de sujeira e germes) e agorafobia (medo de sair de casa).
“Toda semana, ela apresentava outro diagnóstico”, disse Coleman. “Se ela vê um indício de si mesma em alguém, ela pensa que também tem”.
Depois de passar por testes de saúde mental e condições médicas, sua filha foi diagnosticada não com a longa lista de condições sobre as quais ela havia especulado, mas com ansiedade severa. “Mesmo agora, ela nem sempre acha que os especialistas estão corretos”, disse Coleman.
(Adaptado de: KELLY, MURPHY, Samantha. Adolescentes usam redes sociais para se diagnosticarem com TDAH, autismo e outros distúrbios. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br)
Uma pesquisa sobre hábitos dos brasileiros revelou a abrangência de uma espécie de mania nacional: quase 90% das pessoas acima dos 16 anos se automedicam.
A prática é mais comum quando a pessoa sente dor de cabeça, gripe, resfriado, dores musculares, febre, tosse e dor de barriga.
A pesquisa mostrou que a automedicação é maior entre os mais jovens. Na faixa entre 16 e 34 anos, 95% consomem remédios sem consultar um profissional de saúde. Já as pessoas com 60 anos ou mais se automedicam menos.
Também chamou a atenção dos pesquisadores o uso cada vez mais frequente da internet: 51% dos brasileiros fazem consultas em sites para tentar entender os sintomas e 47% procuram informações na rede para saber que remédio comprar na farmácia.
“A pessoa que não tem informação técnica lê um texto sobre um determinado assunto e a tendência dela entender aquilo de maneira inadequada e seguir as instruções de maneira inadequada é muito grande. Então WhatsApp, conselho de vizinho, pseudoespecialista: tem que ter cuidado em relação a isso. A gente estuda anos para tentar dominar isso e tem dificuldade, mesmo sendo médico, imagina quem não tem nenhuma informação”, alerta Tarso Mosci, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria.
(Adaptado de: Aumenta o número de brasileiros que se automedicam e buscam informações sobre remédios na internet, diz pesquisa. Disponível em: https://g1.globo.com)
Texto 4
(Disponível em: https://www.blog.saude.gov.br)
Denize Ornelas, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, diz que o número de pacientes que chegam aos consultórios com autodiagnóstico e automedicação é crescente.
“O maior impacto é quando chegam por efeitos colaterais ou interação medicamentosa”, diz. “A maior parte das doenças começa com dor, febre, indisposição, sintomas mais gerais. Se o paciente se automedica e não espera a progressão, pode mascarar uma doença. Dor abdominal pode ser azia e má digestão, mas, se você faz uso constante de antiácido, pode retardar um diagnóstico de câncer de estômago. É raro, mas pode acontecer.”
(Adaptado de: 40% dos brasileiros fazem autodiagnóstico médico pela internet. Disponível em: https://exame.com)
Considerando os textos acima, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema:
A internet e os perigos do autodiagnóstico.
A prova de Redação do vestibular do curso de Medicina da PUC-Campinas manteve o perfil dos últimos anos ao propor a elaboração de um texto dissertativo-argumentativo sobre uma problemática relacionada à área da saúde. Assim, explicitamente na frase temática, delimitava-se que o texto deveria discutir um problema de saúde pública – “os perigos do autodiagnóstico” – e também relacioná-lo ao contexto digital – “A internet”.
Quanto ao tema, a discussão sobre o fenômeno do autodiagnóstico se mostra muito relevante tendo em vista que, em uma sociedade cada vez mais imediatista e produtivista, os pacientes têm usado a internet como meio de realizar diagnósticos rápidos de seus problemas de saúde e, até mesmo, encontrar medicamentos e tratamentos para resolvê-los. Essa temática torna-se ainda mais importante ao se considerar o público-alvo da prova, os futuros médicos, na medida em que lhe propõe a análise crítica desse contexto social, assim como a discussão a respeito dos perigos da prática da substituição do atendimento médico pelo autodiagnóstico.
Em relação à coletânea, pode-se notar que, embora o primeiro excerto aponte o efeito positivo da pesquisa virtual de sintomas pelos pacientes – a melhora da comunicação com o médico –, todos os demais excertos evidenciam como esses sujeitos não usam as informações encontradas na internet de forma adequada, já que, na realidade, substituem o atendimento médico pelo autodiagnóstico, além de recorrerem à automedicação.
Nesse sentido, o segundo excerto trata dos autodiagnósticos de transtornos de neurodesenvolvimento (autismo, TDAH etc.) e de condições relacionadas à saúde mental (ansiedade, depressão etc.), os quais são realizados pelos usuários de redes sociais, sobretudo adolescentes, depois de assistirem a vídeos de influenciadores que apresentam essas condições. O texto também aponta o aumento da descredibilização do discurso e do diagnóstico de especialistas que são contrários à prática e não confirmam esses diagnósticos quando são procurados. Desse modo, o texto evidencia como a internet contribui para o fenômeno do autodiagnóstico, principalmente por meio dos influenciadores nas redes sociais, e também como essa prática gera dois perigos. O primeiro é a intensificação da patologização da vida, em que alguns comportamentos humanos, como ansiedade, falta de concentração e esgotamento físico e mental, decorrentes das condições sociais e econômicas impostas pelo sistema econômico neoliberal (produtivismo, precarização do trabalho, aceleração etc.), passam a ser considerados sintomas de doenças que devem ser diagnosticadas e tratadas com remédios. O segundo perigo é o aumento do descrédito de especialistas e, consequentemente, a disseminação de tratamentos incorretos ou sem comprovação científica.
Na mesma linha de raciocínio, o excerto 3 trata de outro perigo do autodiagnóstico: a automedicação. A partir de dados de pesquisas, esse texto comprova como essas práticas são generalizadas e se intensificaram com o acesso à internet. Complementando esse texto, os excertos 4 e 5 problematizam a automedicação, tratando dos efeitos coletais graves e do problema da interação medicamentosa que podem afetar a saúde dos sujeitos sem orientação médica. No último excerto, ainda se trata do perigo do uso de analgésicos que podem mascarar doenças mais graves e retardar o seu diagnóstico, o que aumenta, então, o risco de letalidade dos pacientes.
Assim, tendo em vista a discussão proposta pela coletânea, o candidato deveria problematizar o autodiagnóstico realizado por meio da internet. Para isso, poderia fazer um projeto de texto em que, na argumentação, discutisse causas desse fenômeno – como o aumento da confiança em influenciadores digitais em detrimento do discurso médico-científico ou ainda o acesso facilitado a informações na internet junto do imediatismo que caracteriza a sociedade contemporânea – e/ou consequências dele – a intensificação da patologização da vida, o aumento do descrédito de especialistas e a consequente disseminação de tratamentos sem comprovação, os problemas de saúde decorrentes da automedicação etc. Outra possibilidade seria um projeto de texto em que, inicialmente, fosse estabelecida a relação entre a internet e o aumento do fenômeno do autodiagnóstico e, na argumentação, fossem discutidas duas consequências, isto é, dois perigos dessa prática.
Por fim, para sustentar a argumentação sobre os perigos do autodiagnóstico, o candidato poderia mobilizar elementos de comprovação, como o exemplo do autodiagnóstico de TDAH ou de doenças mentais e o consequente uso indiscriminado de medicamentos como a Ritalina, cujo uso sem orientação médica, nos dias atuais, tem levado à dependência e a outros efeitos colaterais adversos. Além disso, para analisar o perigo da intensificação do movimento de descredibilização do discurso médico-científico, o candidato poderia exemplificar com a expansão de tratamentos sem comprovação científica que se disseminam na internet e desviam os pacientes de tratamentos adequados para doenças, além de atrasar diagnósticos. Finalmente, quanto ao uso indiscriminado de analgésicos que aliviam as dores, o candidato poderia usar como exemplos as reações adversas graves apresentadas pelo quarto excerto da coletânea.
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