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Considere os dois excertos abaixo.
I
A Itália de sua época, segundo ele mesmo diz no capítulo VII de O Príncipe, vivia uma realidade de certo modo , definida por cinco Estados, cada um deles contido em seus limites pelos demais: Nápoles, Estados pontifícios, Florença, Milão e Veneza. Para manter o equilíbrio da balança, o princípio é o divide et . As invasões espanhola e francesa após 1494, o declínio de Milão e Nápoles e as mudanças no governo de Florença permitem a visão da política assumida por Maquiavel. Secretário da república até 1512, ele aprende as técnicas usadas pelas cidades-estados e recolhe as pedras essenciais para a edificação do seu pensamento.
Vocabulário:
: balanceada.
et impera: literalmente “dividir e imperar”, expressão latina para a tática romana adotada por muitos imperadores e conquistadores, segundo a qual deve-se dividir para dominar.
(Adaptado de: ROMANO, R. Razão de Estado e outros estados da razão. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2014, p. 31)
II
[...] sendo meu intento escrever uma coisa útil para quem a escuta, parece-me mais conveniente seguir a verdade efetiva da coisa do que a imaginação sobre ela. Muitos imaginaram repúblicas e principados que jamais foram vistos e que nem se soube se existiram na verdade, porque há tamanha distância entre como se vive e como se deveria viver que aquele que abandona o que se faz por aquilo que se deveria fazer aprende antes a arruinar-se do que a preservar-se; pois um homem que queira fazer em todas as partes profissão de bondade deve arruinar-se entre tantos que não são bons”.
(Adaptado de: MAQUIAVEL, N. O príncipe, cap. XV, p. 75. São Paulo: Martins Fontes, 2010)
Os dois trechos destacam a compreensão que Maquiavel tem acerca da política, que para ele é um saber
oculto, já que implica um conhecimento da natureza dos homens.
teórico, envolvendo a realização de uma forma idealizada de governo.
prático, resultante da experiência e a correta leitura das circunstâncias.
teórico, fundamentado pela concepção tradicional de poder político.
prático, subordinado ao campo das leis morais.
Maquiavel é considerado um dos grandes nomes da Ciência Política. Enquanto viveu, dedicou-se ao estudo do passado conhecido – sobretudo clássico – para compreender o funcionamento da política. Nesse processo, valeu-se da História, disciplina como aquela que conduz a vida e nos ensina (magistra vitae) a partir da experiência. Assim, a Maquiavel é atribuído o pensamento de que o bom governante deve ter a virtù – comumente entendida como virtude – para lidar com a fortuna – ou aquilo que a vida produz, sejam bons acontecimentos, ou acontecimentos ruins. O bom governante, então, saberia se utilizar de seus conhecimentos construídos pelo repertório proporcionado pela experiência para analisar os contextos e assegurar a glória e o sucesso do Estado e pessoal. Com isso, a política para Maquiavel não se configura enquanto um saber oculto, como identificado no item A, posto que seu funcionamento está explícito na História. Também não é correto dizer que a política é um saber teórico para Maquiavel, já que em si pressupõe a prática (a virtù) e não envolve a realização de uma forma idealizada de governo (item B), nem se fundamenta em uma forma tradicional de poder político (item D). O saber político para Maquiavel é prático, desapegado de leis morais e atento aos contextos – mais do que fazer o bem, fazer o que é necessário.
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