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Na poesia de Carlos Drummond de Andrade, a figura de seu pai é poderosa e ganha alta expressão como personagem. Exemplo disso é esta quadra inicial do soneto “Encontro”:
Meu pai perdi no tempo e ganho em sonho.
Se a noite me atribui poder de fuga,
sinto logo meu pai e nele ponho
o olhar, lendo-lhe a face, ruga a ruga.
Nessa estrofe, o poeta
lamenta que sejam irrecuperáveis o legado moral e a fisionomia de seu pai.
admite que a velhice acrescentou ao rosto de seu pai traços surpreendentes.
conquista pela poesia e pelo afeto imaginativo uma proximidade reveladora.
exalta uma identificação antiga que se tornou ainda maior com o passar do tempo.
constata que está sendo penoso compor o retrato de alguém tão distanciado.
Os quatro versos de Drummond colocados para leitura na questão registram como o eu poético consegue reencontrar-se com a figura do pai já falecido (“Meu pai perdi no tempo”), mas revisitado através da imaginação (“ganho [meu pai] em sonho. / Se a noite me atribui poder de fuga”, conforme o segundo verso). Assim, é possível reconstruir a imagem paterna (“sinto logo meu pai e nele ponho / o olhar, lendo-lhe a face, ruga a ruga.”). Dessa maneira, pode o eu poético reaproximar-se do pai, ainda que o seja pela via da imaginação poética.
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