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Texto 1

(Ouroboros)
Texto 2
Em Capitalismo Canibal (2024), Nancy Fraser afirma que o capitalismo é uma ordem social que ‘devora’ as suas próprias condições de existência. Para representar o capitalismo, Fraser usa a imagem de Ouroboros, que ilustra a capa do livro.
Texto 3
A contradição política inerente ao capitalismo ocorre entre os imperativos da acumulação de capital e a manutenção dos poderes públicos de que a acumulação também depende. O poder público legítimo e eficaz é uma condição de possibilidade para a acumulação sustentada do capital. Afinal, o capital tem uma dependência crucial dos poderes públicos para garantir direitos de propriedade, fazer cumprir contratos, julgar controvérsias, reprimir rebeliões, manter a ordem, administrar a divergência, etc. O ímpeto de acumulação infinita tende, ao longo do tempo, a desestabilizar os mesmos poderes públicos de que depende.
Essa contradição está na raiz de nossa atual crise democrática. Graças a sua estrutura inerente, o capitalismo é fundamentalmente antidemocrático. Mesmo no melhor dos casos, a democracia, em uma sociedade capitalista, deve ser forçosamente fraca e limitada.
(Adaptado de FRASER, N. Capitalismo Canibal. Cotia (SP): Autonomia Literária, 2024, p.135-138.)
Considerando os textos 1, 2 e 3, responda aos itens (a) e (b).
a) Explique por que Nancy Fraser escolhe o Ouroboros para representar o capitalismo. Na sua resposta, relacione a imagem, o título Capitalismo Canibal e o trecho que aponta para a autodestruição do sistema.
b) Segundo Fraser, em que consiste a contradição do capitalismo e por que a autora afirma que o sistema é antidemocrático? Evidencie como essas duas teses estão conectadas.
a) Nancy Fraser escolhe o Ouroboros — a serpente que devora a própria cauda — para representar o capitalismo porque a imagem simboliza um sistema que se alimenta de si mesmo até a autodestruição. Essa metáfora dialoga diretamente com o título Capitalismo Canibal, pois o sistema econômico é apresentado como uma ordem social que “devora” suas próprias condições de existência, como o poder público, a democracia, a natureza e os direitos sociais. No texto 3, essa ideia aparece quando Fraser afirma que o capitalismo depende do Estado para garantir propriedade, contratos e ordem social, mas, ao mesmo tempo, o impulso de acumulação infinita desestabiliza esses mesmos poderes públicos. Assim como o Ouroboros, o capitalismo se sustenta consumindo aquilo de que necessita para sobreviver, produzindo crises recorrentes e estruturais.
b) Segundo Fraser, a contradição central do capitalismo está no conflito entre: a necessidade de poderes públicos fortes e legítimos, capazes de regular a economia e garantir direitos, e o impulso do capital à acumulação ilimitada, que enfraquece o Estado, precariza direitos e reduz a capacidade democrática de controle social. Essa contradição explica por que a autora afirma que o capitalismo é fundamentalmente antidemocrático. Mesmo quando convive com instituições democráticas, o sistema tende a subordiná-las aos interesses do capital, limitando sua atuação, esvaziando a participação popular e restringindo decisões que contrariem a lógica do mercado. As duas teses estão conectadas porque a autodestruição do capitalismo (tese do canibalismo) ocorre justamente por meio do esvaziamento da democracia, que é uma de suas condições de possibilidade. Ao corroer o poder público e os direitos coletivos, o sistema mina a própria base que o sustenta.
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