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Para responder às questões de 08 a 10, leia o poema “Desencontro (2)”, de Mia Couto.
No avesso das palavras
na contrária face
da minha solidão
eu te amei
e acariciei
o teu imperceptível crescer
como carne da lua
nos noturnos lábios entreabertos
E amei-te sem saberes
amei-te sem o saber
amando de te procurar
amando de te inventar
No contorno do fogo
desenhei o teu rosto
e para te reconhecer
mudei de corpo
troquei de noites
juntei crepúsculo e alvorada
Para me acostumar
à tua intermitente ausência
ensinei às timbilas¹
a espera do silêncio
(Mia Couto. Poemas Escolhidos, 2016.)
¹ timbila: instrumento musical de percussão, do tipo xilofone, tradicional de Moçambique.
A situação amorosa descrita pelo eu lírico envolve
o desespero causado pela separação da amada, e a consequente aceitação de sua ausência definitiva.
um momento de plenitude e paixão extrema, interrompido pela morte da pessoa amada.
uma relação amorosa conflituosa que alterna momentos de euforia e ressentimento.
a negação do próprio desejo amoroso diante da solidão imposta pela ausência da pessoa amada.
um sentimento solitário, manifestado no silêncio e moldado pela ausência da pessoa amada.
O eu lírico do poema de Mia Couto descreve um sentimento amoroso solitário, já que nem a pessoa amada nem mesmo o próprio sujeito demonstram ter consciência do que sentem, o que se pode claramente perceber na segunda estrofe do poema (“E amei-te sem saberes / amei-te sem o saber / amando de te procurar / amando de te inventar”). Esse sentimento manifesta-se por meio do silêncio, como se nota na última estrofe (“Para me acostumar / à tua intermitente ausência / ensinei às timbilas / a espera do silêncio”).
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