Questão 5 - 1ª Fase - Einstein 2026

Gabarito

  • Questão ativa

  • Já visualizadas

  • Não visualizadas

  • Resolução pendente

  • ANL

    Questão anulada

  • S/A

    Sem alternativas

Questão 5

Objetiva
5

Para responder às questões de 03 a 07, leia um trecho da obra Ideias para adiar o fim do mundo, uma adaptação de duas palestras e uma entrevista realizadas com o autor Ailton Krenak.


      O fim do mundo talvez seja uma breve interrupção de um estado de prazer extasiante que a gente não quer perder. Parece que todos os artifícios que foram buscados pelos nossos ancestrais e por nós têm a ver com essa sensação. Quando se transfere isso para a mercadoria, para os objetos, para as coisas exteriores, se materializa no que a técnica desenvolveu, no aparato todo que se foi sobrepondo ao corpo da mãe Terra. Todas as histórias antigas chamam a Terra de Mãe, Pacha Mama, Gaia. Uma deusa perfeita e infindável, fluxo de graça, beleza e fartura. Veja-se a imagem grega da deusa da prosperidade, que tem uma cornucópia1 que fica o tempo todo jorrando riqueza sobre o mundo… Noutras tradições, na China e na Índia, nas Américas, em todas as culturas mais antigas, a referência é de uma provedora maternal. Não tem nada a ver com a imagem masculina ou do pai. Todas as vezes que a imagem do pai rompe nessa paisagem é sempre para depredar, detonar e dominar.
   O desconforto que a ciência moderna, as tecnologias, as movimentações que resultaram naquilo que chamamos de “revoluções de massa”, tudo isso não ficou localizado numa região, mas cindiu o planeta a ponto de, no século XX, termos situações como a Guerra Fria, em que você tinha, de um lado do muro, uma parte da humanidade, e a outra, do lado de lá, na maior tensão, pronta para puxar o gatilho para cima dos outros. Não tem fim do mundo mais iminente do que quando você tem um mundo do lado de lá do muro e um do lado de cá, ambos tentando adivinhar o que o outro está fazendo. Isso é um abismo, isso é uma queda. Então a pergunta a fazer seria: “Por que tanto medo assim de uma queda se a gente não fez nada nas outras eras senão cair?”.
     Já caímos em diferentes escalas e em diferentes lugares do mundo. Mas temos muito medo do que vai acontecer quando a gente cair. Sentimos insegurança, uma paranoia da 
queda porque as outras possibilidades que se abrem exigem implodir essa casa que herdamos, que confortavelmente carregamos em grande estilo, mas passamos o tempo inteiro morrendo de medo. Então, talvez o que a gente tenha de fazer é descobrir um paraquedas. Não eliminar a queda, mas inventar e fabricar milhares de paraquedas coloridos, divertidos, inclusive prazerosos. Já que aquilo de que realmente gostamos é gozar, viver no prazer aqui na Terra. Então, que a gente pare de despistar essa nossa vocação e, em vez de ficar inventando outras parábolas, que a gente se renda a essa principal e não se deixe iludir com o aparato da técnica.

(Ideias para adiar o fim do mundo, 2020.)

¹ cornucópia: vaso em forma de chifre, com frutas e flores que dele extravasam profusamente, antigo símbolo da fertilidade, riqueza e abundância.

No último parágrafo, o autor faz uma analogia que utiliza as imagens da “queda” e do “paraquedas”. Ao propor que fabriquemos paraquedas, Krenak sugere

Alternativas

  1. A

    evitar que a queda aconteça, ainda que se esteja preparado.

  2. B

    superar a queda, de modo a sequer se aproximar dela.

  3. C

    prever o percurso da queda, para desenvolver um aparato eficiente.

  4. D

    eliminar a possibilidade da queda, mesmo contra todas as evidências.

  5. E

    atenuar o impacto da queda, já que esta se mostra inevitável.

Gabarito:
    E

Ao discorrer sobre o “fim do mundo”, o autor aponta que as sociedades sempre temeram eventos que pudessem romper com a rotina prazerosa e previsível à qual se associa a ideia de felicidade. Nesse sentido, ele defende que acontecimentos históricos capazes de abalar esse cotidiano sempre foram catastróficos e que, portanto, a sociedade sempre esteve e sempre estará em queda, visto que o ideal de felicidade se baseia em um simples bem-estar momentâneo e instável. Assim, a metáfora do paraquedas ilustra que eventos históricos que abalem esse modelo de felicidade são inerentes à condição humana e, desse modo, devemos nos preparar para vivê-los sem considerá-los apocalíticos.  

5

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