Questão 6 - 1ª Fase - Einstein 2026

Gabarito

  • Questão ativa

  • Já visualizadas

  • Não visualizadas

  • Resolução pendente

  • ANL

    Questão anulada

  • S/A

    Sem alternativas

Questão 6

Objetiva
6

Para responder às questões de 03 a 07, leia um trecho da obra Ideias para adiar o fim do mundo, uma adaptação de duas palestras e uma entrevista realizadas com o autor Ailton Krenak.


       O fim do mundo talvez seja uma breve interrupção de um estado de prazer extasiante que a gente não quer perder. Parece que todos os artifícios que foram buscados pelos nossos ancestrais e por nós têm a ver com essa sensação. Quando se transfere isso para a mercadoria, para os objetos, para as coisas exteriores, se materializa no que a técnica desenvolveu, no aparato todo que se foi sobrepondo ao corpo da mãe Terra. Todas as histórias antigas chamam a Terra de Mãe, Pacha Mama, Gaia. Uma deusa perfeita e infindável, fluxo de graça, beleza e fartura. Veja-se a imagem grega da deusa da prosperidade, que tem uma cornucópia1 que fica o tempo todo jorrando riqueza sobre o mundo… Noutras tradições, na China e na Índia, nas Américas, em todas as culturas mais antigas, a referência é de uma provedora maternal. Não tem nada a ver com a imagem masculina ou do pai. Todas as vezes que a imagem do pai rompe nessa paisagem é sempre para depredar, detonar e dominar.
   O desconforto que a ciência moderna, as tecnologias, as movimentações que resultaram naquilo que chamamos de “revoluções de massa”, tudo isso não ficou localizado numa região, mas cindiu o planeta a ponto de, no século XX, termos situações como a Guerra Fria, em que você tinha, de um lado do muro, uma parte da humanidade, e a outra, do lado de lá, na maior tensão, pronta para puxar o gatilho para cima dos outros. Não tem fim do mundo mais iminente do que quando você tem um mundo do lado de lá do muro e um do lado de cá, ambos tentando adivinhar o que o outro está fazendo. Isso é um abismo, isso é uma queda. Então a pergunta a fazer seria: “Por que tanto medo assim de uma queda se a gente não fez nada nas outras eras senão cair?”.
     Já caímos em diferentes escalas e em diferentes lugares do mundo. Mas temos muito medo do que vai acontecer quando a gente cair. Sentimos insegurança, uma paranoia da 
queda porque as outras possibilidades que se abrem exigem implodir essa casa que herdamos, que confortavelmente carregamos em grande estilo, mas passamos o tempo inteiro morrendo de medo. Então, talvez o que a gente tenha de fazer é descobrir um paraquedas. Não eliminar a queda, mas inventar e fabricar milhares de paraquedas coloridos, divertidos, inclusive prazerosos. Já que aquilo de que realmente gostamos é gozar, viver no prazer aqui na Terra. Então, que a gente pare de despistar essa nossa vocação e, em vez de ficar inventando outras parábolas, que a gente se renda a essa principal e não se deixe iludir com o aparato da técnica.

(Ideias para adiar o fim do mundo, 2020.)

¹ cornucópia: vaso em forma de chifre, com frutas e flores que dele extravasam profusamente, antigo símbolo da fertilidade, riqueza e abundância.

     Anacoluto é a mudança de construção sintática no meio do enunciado. Um fenômeno muito comum, especialmente na linguagem falada, que ocorre quando aquele que fala abstrai-se do começo do enunciado e continua a exprimir-se como se iniciasse uma nova frase.

(Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra. Nova Gramática do Português Contemporâneo, 2007. Adaptado.)

Um trecho do texto em que é possível identificar a presença de anacoluto é:

Alternativas

  1. A

    “Veja-se a imagem grega da deusa da prosperidade, que tem uma cornucópia que fica o tempo todo jorrando riqueza sobre o mundo” (1º parágrafo).

  2. B

    “O desconforto que a ciência moderna, as tecnologias, as movimentações que resultaram naquilo que chamamos de ‘revoluções de massa’, tudo isso não ficou localizado” (2º parágrafo).

  3. C

    “O fim do mundo talvez seja uma breve interrupção de um estado de prazer extasiante que a gente não quer perder” (1º parágrafo).

  4. D

    “quando você tem um mundo do lado de lá do muro e um do lado de cá, ambos tentando adivinhar o que o outro está fazendo” (2º parágrafo).

  5. E

    “Sentimos insegurança, uma paranoia da queda porque as outras possibilidades que se abrem exigem implodir essa casa que herdamos” (3º parágrafo).

Gabarito:
    B

O anacoluto corresponde a uma figura de linguagem em que uma sentença apresenta alguma palavra, expressão ou oração que não exerce função sintática no período. Ou seja, trata-se de um trecho que não pode ser considerado como “sujeito”, “predicativo”, “objeto verbal”, entre outras funções. No anacoluto, portanto, uma frase é interrompida por outra, sem que haja uma construção oracional que as relacione diretamente. Assim, ocorre o uso dessa figura entre os trechos “O desconforto que a ciência moderna, as tecnologias, as movimentações que resultaram naquilo que chamamos de ‘revoluções de massa’” e “tudo isso não ficou localizado”, tendo em vista que a segunda parte do período não está sintaticamente conectada à anterior.

6

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