Dissertativas 14 - 2ª Fase - Dia 2 - Unicamp 2025

Gabarito

Questão 14

Dissertativa
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O jongo do Sudeste foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 2005 e registrado no Livro das Formas de Expressão. Segundo Gustavo Pacheco, jongos ou pontos são cantados em português, mas com frequência apresentam palavras e expressões de origem bantu (por exemplo, ‘mironga’). Formados por versos curtos, os pontos são iniciados (tirados ou jogados) por um dos participantes e respondidos pelo coro por alguns minutos até que um dos presentes ponha a mão sobre os tambores e grite ‘machado!’ ou ‘cachoeira!’, dando o sinal para que um novo ponto tenha início. Embora os jongos sejam comumente improvisados, o acervo de expressões e outros recursos estilísticos usado pelos jongueiros baseia-se fortemente em tradição coletiva.

(Adaptado de PACHECO, G. Memória por um fio: as gravações históricas de Stanley J. Stein. In: PACHECO, G.; LARA, S. Memória do Jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein. Vassouras, 1949. Rio de Janeiro: Folha Seca; Campinas, SP : CECULT, p.15-34, 2007.)

Tendo em vista seus conhecimentos sobre a importância das lutas pela memória para a redemocratização e considerando o texto acima, faça o que se pede em a) e b).

a) Indique e caracterize dois elementos do jongo relacionados às tradições culturais africanas.

b) Cite dois elementos da repressão às práticas culturais africanas no Brasil escravista e explique o modo de atuação dos agentes repressores.

Resolução:

a) As tradições culturais africanas fazem parte da história do Brasil desde a chegada dos primeiros africanos escravizados ainda no século XVI, os quais trouxeram consigo, desde o momento de sua chegada, seus costumes e tradições. Desse modo, o jongo faz parte da riqueza cultural desse continente, uma musicalidade tradicional da África que, no Brasil, estabeleceu raízes para a criação do samba. Outra característica dessa herança cultural é o uso de palavras do bantu, matriz linguística coletiva africana, que deixou legado na construção epistemológica da língua portuguesa. 
 
b) Vale ressaltar que não foi tarefa fácil a resistência das práticas culturais africanas no Brasil, já que o sistema escravocrata colonial e monárquico reprimia tais ações. Uma abordagem dessas ações repressivas foi a demonização das religiões de matriz africana no Brasil, sobretudo pela existência do Estado confessional católico no período, além das práticas racistas e intolerantes que se estabeleceram na sociedade. O modo de atuação dos agentes repressores foi diversificado, como o silenciamento de rituais de religiões de matriz africana e o enquadramento de religiões africanas como manifestações de bruxaria. Percebe-se que, ao longo de grande parte da história brasileira, os escravizados africanos foram subjugados, mas resistiram a esse apagamento forçado.

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