a) De um modo geral, pode-se dizer que, a partir do contexto de crise econômica descrita no texto, consolidou-se o estabelecimento de um Estado interventor e protecionista na economia, abandonando cada vez mais conceitos liberais, além de uma postura estatal de priorizar um nacionalismo econômico em detrimento a interesses externos. Destaca-se também a prioridade do governo em desenvolver o processo de industrialização para reduzir a dependência do modelo agroexportador.
A primeira estratégia foi uma tentativa de proteger a economia cafeeira, até então base da economia brasileira, em crise desde os efeitos da Crise de 1929, com a constante diminuição das exportações de café. Durante a Era Vargas, houve um intenso processo de compra e queima do estoque de café, na tentativa de manutenção do preço da saca de café no mercado internacional. Ainda nesse sentido, o governo tentou promover políticas de incentivo ao consumo interno de café, com o fortalecimento do Departamento Nacional de Café e a criação de uma propaganda de consumo do produto, usando o próprio presidente Vargas como garoto-propaganda.
A segunda estratégia, iniciada também durante a Era Vargas e continuada nos governos posteriores (particularmente com intensidade maior no governo Juscelino Kubitschek), foi a diminuição da dependência da exportação de produtos agrícolas como base da economia brasileira e a intensificação de um modelo industrial que possibilitasse a substituição de importações. Nesse sentido, destaca-se o fomento ao estabelecimento de indústrias de base, particularmente com a criação de empresas estatais, como a mineradora Vale do Rio Doce e a siderúrgica Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ). Essas estatais permitiram a produção interna de aço e possibilitaram, posteriormente, a criação nacional de produtos industrializados de bens de consumo duráveis, diminuindo a dependência econômica da importação de manufaturados.
Como impacto dessas estratégias, pode-se destacar, para além da consolidação da industrialização brasileira, um intenso processo de urbanização em detrimento do campo, com um grande êxodo rural, particularmente de retirantes nordestinos que se estabeleceram em cidades do Sudeste. Além disso, houve a consolidação de uma classe operária, controlada pelo governo por meio de políticas públicas populistas paternalistas, como a criação de leis trabalhistas, por exemplo.
b) No âmbito nacional, o governo Juscelino Kubitschek priorizou o estabelecimento de uma política nacional-desenvolvimentista, com a criação do Plano de Metas e a intenção de industrializar e modernizar o país de forma acelerada – como demonstra o lema de promessa de avançar “50 anos em 5”, isto é, promover o desenvolvimento nacional de cinco décadas nos cinco anos de governo JK. Para isso, o governo promoveu uma abertura econômica com a maciça entrada de capital estrangeiro, notadamente dos EUA, deixando como grave consequência o aumento da dívida externa, da inflação e da desigualdade social, uma vez que o governo privilegiou políticas públicas voltadas para a área econômica em detrimento de políticas públicas sociais de combate à fome e à seca, por exemplo.
Vale ressaltar que muitas indústrias criadas nessa época se estabeleceram no Eixo Rio-São Paulo em detrimento de outras regiões do país, como o Nordeste, o que deixou como consequência o aumento da desigualdade regional do país.