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Leia o soneto “XCIX”, do poeta Cláudio Manuel da Costa, para responder às questões de 02 a 06.
Parece, ou eu me engano, que esta fonte
De repente o licor deixou turvado;
O Céu, que estava limpo e azulado,
Se vai escurecendo no horizonte:
Porque não haja horror, que não aponte
O agouro funestíssimo, e pesado,
Até de susto já não pasta o gado,
Nem uma voz se escuta em todo o monte.
Um raio de improviso na celeste
Região rebentou: um branco lírio
Da cor das violetas se reveste;
Será delírio! não, não é delírio.
Que é isto, Pastor meu? que anúncio é este?
Morreu Nise (ai de mim!), tudo é martírio.
(Domício Proença Filho (org.). A poesia dos inconfidentes, 1996.)
O soneto é habilmente construído a partir de uma desconstrução gradual e sistemática do seguinte tópico árcade:
“memento mori” (“lembra da morte”).
“carpe diem” (“aproveita o momento”).
“locus horrendus” (“lugar horrível”).
“locus amoenus” (“lugar aprazível”).
“fugere urbem” (“fugir da cidade”).
Gradativamente, há a desconstrução do lugar de “locus amoenus” para “locus horrendus”, algo evidente no escurecimento do céu, que, outrora azul, torna-se turbo.
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