Redação - Prova Medicina - FMABC 2025

Gabarito

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Texto 1

     O número de casos de ansiedade entre crianças e adolescentes superou o de adultos pela primeira vez em dez anos, segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Ministério da Saúde, dados do Sistema de  Informações Hospitalares e Ambulatoriais do SUS mostram que foram registrados, em 2022, 103 619 procedimentos ambulatoriais relacionados à ansiedade em paciente com até 19 anos. Em 2023, o número subiu para 140 782 procedimentos e, de janeiro a março de 2024, foram 33 762.

(Gudryan Neufert. “Número de casos de ansiedade entre crianças e adolescentes supera  o de adultos”. https://sbtnews.sbt.com.br, 08.06.2024. Adaptado.)

Texto 2

     No livro Geração Ansiosa — Como a Infância Hiperconectada Está Causando uma  Epidemia de Transtornos Mentais, o psicólogo social Jonathan Haidt afirma que o mundo online “é uma tragédia em dois atos”. “No primeiro, as crianças deixam de brincar ao ar livre. São impedidas de se divertir com outras crianças, sem a proteção dos adultos. No segundo, ganham smartphones de presente e, em vez de brincar, dormir ou estudar, passam dez horas por dia na frente de uma tela”, descreve o autor. Para Haidt, o diagnóstico é claro: o celular, as redes sociais e os videogames estão por trás dessa enxurrada de jovens ansiosos.
     Por isso, prescreve: celular, só após os 14 anos; e redes sociais, depois dos 16. Quanto ao tempo de tela, as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) são mais flexíveis: no máximo três horas por dia dos 11 aos 18 anos. “Qual é o tempo ideal? O menor possível”, crava a pediatra Gabriela Crenzel, do Grupo de Trabalho de Saúde Mental da SBP. “Muitas vezes, os filhos se trancam no quarto e os pais não fazem ideia do que acontece lá dentro. Pensam que estão seguros, mas não sabem com quem os filhos estão conversando ou o que estão fazendo”, afirma Crenzel.

(André Bernardo. “Escravos da ansiedade”. Veja Saúde, julho de 2024. Adaptado.)

Texto 3

     Formar indivíduos autônomos e capazes de tomar decisões informadas e conscientes sempre foi a grande tarefa da sociedade. O desafio que se coloca neste momento é preparar crianças e adolescentes para que possam aproveitar as oportunidades que se apresentam no universo digital sem se tornarem dependentes dele. Trata-se de ensinar (e aprender com eles) como funciona a internet, os algoritmos, como as redes moldam nosso comportamento e buscar alternativas que ampliem o seu leque de experiências.
     Crianças e adolescentes devem exercitar o direito de ir e vir tanto no mundo on como offline, aprendendo não apenas os mecanismos que regem seu funcionamento e o negócio que representam, mas sobretudo a perguntar por que são assim e se não há alternativas para que funcionem de outra maneira. Nesse sentido, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) ressalta a importância da educação midiática como possibilidade de ampliar o empoderamento desse público. Distinguir fatos de opiniões, entender o funcionamento das redes sociais, por exemplo, são competências desejáveis para a formação de um cidadão potente, que desenvolverá a autoestima e a confiança necessárias para tomar decisões sustentáveis.
     Se não soubermos refletir a respeito daquilo que nos acontece e num segundo momento buscarmos alternativas para transformar a nossa realidade, não seremos capazes de desenvolver competências e habilidades intelectuais e emocionais que nos permitam lidar com as mazelas trazidas pelas redes sociais, como a ansiedade.

(Januária Cristina Alves. “Educar e proteger na internet (e não da internet)”. www.nexojornal.com.br, 06.06.2024. Adaptado.)


Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Como combater a ansiedade em crianças e adolescentes:
restringir o acesso a telas ou promover o uso consciente delas?

Comentário:

O tema da redação escolhido pela Fundação Vunesp para compor a prova da FMABC foi este: Como combater a ansiedade em crianças e adolescentes: restringir o acesso a telas ou promover o uso consciente delas? A organização da frase temática é bastante característica da Vunesp, uma vez que apresenta dois aspectos a serem considerados na abordagem do tema e, dessa vez, na forma de uma pergunta. A interrogação facilita a vida dos vestibulandos que sabem que, quando o tema é uma pergunta, a resposta a essa pergunta é a tese a ser sustentada. A presença da conjunção alternativa “ou” na frase temática elimina a possibilidade de defender os dois aspectos, forçando a escolha de um deles como posicionamento.

Em relação ao assunto, a prova também manteve uma tendência da Vunesp que é entender os impactos das tecnologias nas crianças e nos adolescentes. Em 2024, a notícia de que algumas escolas passarão a proibir o uso do celular no ambiente escolar contribuiu para essa discussão. Esse fato foi o que determinou a escolha da Vunesp para o vestibular de inverno da Unesp de 2024: Faz-se necessária a proibição do uso de celular nas escolas? 

Aqui, ansiedade é o ponto central do tema, e ela é devidamente abordada como uma preocupação no Texto 1, uma vez que, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o número de crianças e adolescentes ansiosos superou o número de adultos. É no Texto 2 que a relação entre a ansiedade e o acesso a telas se estabelece, a partir de uma publicação do psicólogo social Jonathan Haidt. O título dela apresenta essa relação de forma bastante clara: “Geração ansiosa: a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais” – delineia-se aí uma relação de causa e consequência que pode ser muito produtiva para os vestibulandos na forma de conduzir a redação. Deixar de brincar ao ar livre (sem interação com outras crianças) e passar muitas horas diante da tela (por meio do celular, das redes sociais e dos videogames) causam essa “tragédia” que é a ansiedade entre os jovens. Especialistas orientam que a faixa etária em questão passe o menor tempo possível em contato com as telas, motivados pela preocupação com a saúde mental e com a segurança desse público.

Em uma tentativa de oferecer uma discussão equilibrada – já que os dois primeiros textos claramente defendem a restrição às telas –, o Texto 3 é um excerto de uma matéria com um título importante: “Educar e proteger na internet (e não da internet)” como forma de promover o uso consciente das telas, na intenção de “formar indivíduos autônomos e capazes de tomar decisões informadas e conscientes”. É inegável que o universo digital oferece oportunidades e é possível aprender com ele, sobre ele. Para esse aprendizado, a educação midiática e a compreensão do funcionamento das redes são determinantes, preparando um cidadão consciente, capaz de tomar decisões sustentáveis. Ao terem o acesso às telas restringido, as crianças e os adolescentes deixam de refletir sobre o que acontece com elas mesmas e como podem transformar sua realidade, e deixam também de desenvolver “competências e habilidades intelectuais e emocionais” que permitem lidar com as consequências nocivas de um mau uso das redes sociais, como a ansiedade – o tema em questão.

A coletânea de textos oferece os dois lados da questão, deixando aos candidatos a liberdade de escolher um posicionamento sobre ela, uma vez que os dois fazem sentido. Em algumas propostas de redação da Vunesp, há temas que devem ser analisados “entre um aspecto e outro”; entretanto, escolher é uma obrigação neste caso, não uma opção: trata-se de uma pergunta com duas alternativas – uma delas deve ser a tese, devidamente sustentada pela argumentação, que pode ser pautada em ideias presentes nos textos motivadores ou em quaisquer outras que façam sentido na defesa do ponto de vista. 

A Vunesp agora considera quatro critérios na correção da redação: tema, gênero/tipo de texto e coerência, modalidade e coesão. Um uso adequado de todas as palavras-chave do tema, uma argumentação consistente e organizada de acordo com as características do gênero dissertação argumentativa, um bom uso da linguagem (de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa) e a articulação constante de recursos coesivos diversificados garantem uma boa nota na grade de correção da Vunesp.

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