Dissertativa 2 - 2ª Fase - 2º Dia - Fuvest 2026

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Questão 2

Dissertativa
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No dia 15 de agosto de 1876, a Revista Illustrada (RJ), periódico semanal de perfil satírico, político, abolicionista e republicano, dirigido por Angelo Agostini, divulgou uma crônica redigida por Machado de Assis em que afirmava:

   “(...) publicou-se há dias o recenseamento do Império, do qual se colige que 70% da nossa população não sabem ler. Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas, nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome feio, mas não havendo outro, não o escolhem. São sinceros, francos, ingênuos. As letras fizeram-se para frases; o algarismo não tem frases, nem retórica. (...) A Nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos residentes neste país que podem ler; desses uns 9% não leem letra de mão. 70% jazem na mais profunda ignorância. (...) 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem saber porque nem o quê. Votam como vão à festa da Penha – por divertimento. A Constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida. Estão prontos para tudo: uma revolução ou um golpe de Estado.”

Machado de Assis. “História de Quinze Dias”. In: Obra Completa. Volume III. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986.

Com base na leitura do excerto, responda às questões:

a) Qual é o fato social denunciado pelo cronista?

b) Cite dois efeitos sociais decorrentes da observação de que “70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem saber porque nem o quê."

c) Relacione a frase “A Constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida” com exigências formais para o exercício do direito ao voto no período.

Resolução:

a) O cronista denuncia o alto índice de analfabetos na sociedade brasileira durante o período imperial.

b) A observação evidencia a alienação da população em relação ao processo eleitoral, disso desdobram-se formas de manipulação política do eleitorado a partir das práticas do Clientelismo (ética do favor, práticas do controle e dependência) e do Mandonismo (subordinação ao poder pessoal).

c) Ao afirmar que, para boa parte da população, a Constituição é algo desconhecido, o autor nos permite apreender que o conhecimento do texto constitucional ou dos direitos políticos não era um pré-requisito, assim como o letramento, no entanto, era um fator de afastamento dessa população da compreensão das leis e direitos civis. O voto era censitário durante este período da história brasileira, tendo como critério para o exercício da cidadania fatores econômicos. A exigência da capacidade de ler e escrever para o direito ao voto só foi instituída em 1881, com a Lei Saraiva.

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