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“Madala pensou que devia dizer qualquer coisa ao Djimo, mas não se lembrou de repetir a pergunta para si mesmo e por isso não soube o que dizer.
O capataz fazia sinais à Maria, mas esta parecia não entender.
A planta que Madala segurava na mão oferecia ao seu esforço uma resistência exagerada. Por isso, o punho de Madala tremia.
(...)
O tom da voz de Djimo revelava certo nervosismo:
- Madala...
Mas o nervosismo desapareceu logo. Djimo deu uma ordem:
- Madala, não olhes para lá!
Dentro de Madala, qualquer coisa se crispou. Mas não eram os fios da sua doença.”
Luís Bernardo Honwana. “Dina”. In: Nós matamos o cão tinhoso!
Considerando o papel da antologia Nós matamos o cão tinhoso! na literatura moçambicana e como a sociedade de Moçambique dos anos 1950 e 1960 se configura literariamente no conto “Dina”, é correto afirmar:
O conto apresenta, de modo documental e objetivo, a condição econômico-social de uma família, mediante a enumeração de objetos que conotam a vida difícil dos moçambicanos em busca de um lugar na hierarquia preestabelecida pelo colonizador europeu.
O conto demonstra como Luís Bernardo Honwana recria consistentemente a estrutura do português do colonizador a partir das línguas originárias de Moçambique, fazendo da linguagem um instrumento de luta anticolonial.
O conto retrata as primeiras reações dos trabalhadores do campo, como Madala e Djimbo, que se levantam em armas contra os aparelhos repressivos do Estado português e a violência nas relações de trabalho, representados no texto pelo capataz.
No conto, a sociedade moçambicana vai sendo apresentada sob o ponto de vista do colonizador, de modo a comprovar o ideal civilizatório da colonização portuguesa na África e a convivência equilibrada entre colonizadores e colonizados.
No conto, embora perceba ter ultrapassado um limite moral ao descobrir o parentesco entre Maria e Madala, o capataz personifica a imposição da violência e do patriarcalismo metropolitanos aos homens e mulheres de Moçambique.
No conto “Dina”, um capataz português se impõe junto à jovem africana Maria, obrigando-a a ter relações sexuais com ele na hora do almoço, o que evidencia a prepotência patriarcal do colonizador. Quando o capataz descobre que Maria era filha de Madala, um trabalhador da fazenda, tenta fazer as pazes com o velho, mas revela sua atitude violenta ao punir um jovem trabalhador que se mostrou indignado com os acontecimentos. O capataz representa, portanto, o patriarcalismo e a violência dos homens da metrópole sobre a colônia.
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