Fique por dentro das novidades
Inscreva-se em nossa newsletter para receber atualizações sobre novas resoluções, dicas de estudo e informações que vão fazer a diferença na sua preparação!

Texto 1
Platão incorpora a postura intelectualista de Sócrates em seu pensamento, dando a ela uma amplitude política magistral, sobretudo em a República. Pode-se dizer que a República pretende demonstrar que, se Sócrates está certo, não é possível pensar a política conforme os parâmetros convencionais da democracia ateniense, como uma prática qualquer e corriqueira, destituída de orientação cognitiva e de pressupostos epistemológicos. Pelo contrário, aceitos os referenciais do pensamento socrático e sua visão intelectualista da práxis humana, é preciso admitir que, na esfera política, toda ação correta depende da visão fornecida por um saber, de forma que o único regime que pode ser tido como legítimo é a sofocracia.
(Richard Romeiro Oliveira. “Platão e a questão da democracia na República”. Revista Estudos Filosóficos, 2014. Adaptado.)
Texto 2
A democracia em tempo real, sonhada nos inícios da digitalização como democracia do futuro, mostra-se como uma ilusão completa. Enxames digitais não formam um coletivo responsável, que age politicamente. Os followers (seguidores), na condição de novos súditos das mídias sociais, deixam-se adestrar em gado de consumo. Ficam despolitizados. A comunicação dirigida pelos algoritmos nas mídias sociais não é nem livre, nem democrática. O smartphone é uma coisa completamente diferente do parlamento móvel, é um aparato de submissão. Acelera o desmoronamento da esfera pública. Cria, mais propriamente, zumbis de consumo e comunicação como se fossem cidadãos emancipados.
(Byung-Chul Han. Infocracia, 2022. Adaptado.)
a) Qual é o problema comum discutido nos textos 1 e 2? Que causa é apontada em ambos os textos como a responsável por esse problema?
b) Qual era o modelo de democracia vigente na Atenas clássica? Justifique, com base no texto 1, por que a sofocracia seria um regime político verdadeiramente justo, segundo Platão.
a) Os textos abordam os problemas e limitações da concepção de democracia, tanto no mundo clássico (Texto I) e na contemporaneidade (Texto II), uma vez que revelam as inconsistências e superficialidades da compreensão do conceito de democracia. O texto I ao aludir as concepções idealistas de Platão indica as limitações de um modelo democrático cujos atores da cidadania padeçam de um desconhecimento epistemológico sobre os fundamentos da política e, por conseguinte, dos componentes da democracia. O texto II do filósofo sul coreano Byung-Chul Han expõe as fragilidades e contradições da democracia no mundo digital demarcada por algoritmos que estimulam relações superficiais, banais e consumistas que acarretam um enfraquecimento da esfera pública e, consequentemente, uma despolitização.
b) O sistema político que vigorava em Atenas durante o Período Clássico era a democracia direta, que propiciava a atuação de grandes oradores que persuadiam os demais cidadãos com suas verves retóricas. Esse aspecto foi duramente combatido por Sócrates assim como criticado por Platão, uma vez que permitia a instabilidade política decorrente da ação dos demagogos e não se assentava numa práxis política fundamentada no saber racional e conceitual que deveria guiar as ações e deliberações na Ágora. Portanto, na concepção platônica a denominada sofocracia (governo dos sábios) seria o modelo ideal e justo de governo, pois o poder estaria vinculado e submetido ao saber dos magistrados e não aos infortúnios da manipulação coletiva.
Inscreva-se em nossa newsletter para receber atualizações sobre novas resoluções, dicas de estudo e informações que vão fazer a diferença na sua preparação!