Questão 5 - Dia 1 - Unifesp 2026

Gabarito

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  • Resolução pendente

  • ANL

    Questão anulada

  • S/A

    Sem alternativas

Questão 5

Objetiva
5

Para responder às questões de 01 a 05, leia o poema “Uma criatura”, de Machado de Assis, publicado originalmente em 1880.

          Sei de uma criatura antiga e formidável,
          Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
          Com a sofreguidão¹ da fome insaciável.

          Habita juntamente os vales e as montanhas;
          E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
          Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.

          Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
          Cada olhar que despede, acerbo e mavioso²,
          Parece uma expansão de amor e de egoísmo.

          Friamente contempla o desespero e o gozo,
          Gosta do colibri, como gosta do verme,
          E cinge ao coração o belo e o monstruoso.

          Para ela o chacal é, como a rola, inerme³;
          E caminha na terra imperturbável, como
          Pelo vasto areal um vasto paquiderme.

          Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
          Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
          Depois a flor, depois o suspirado pomo.

          Pois essa criatura está em toda a obra:
          Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
          E é nesse destruir que as suas forças dobra.

          Ama de igual amor o poluto⁴ e o impoluto;
          Começa e recomeça uma perpétua lida,
          E sorrindo obedece ao divino estatuto.
          Tu dirás que é a Morte: eu direi que é a Vida.

(Machado de Assis. Poesias completas, 2024.)

1sofreguidão: voracidade.
2mavioso: compassivo.
3inerme: indefeso.
4poluto: impuro.

Diferentemente dos processos de formação vocabular que consistem em acréscimo ou subtração de afixos a um radical, um vocábulo também pode ser formado quando passa de uma classe gramatical a outra sem alterações formais. Tal processo é denominado conversão. Verifica-se uma palavra formada por conversão no seguinte verso:

Alternativas

  1. A

    “E sorrindo obedece ao divino estatuto.” (8ª estrofe)

  2. B

    “E é nesse destruir que as suas forças dobra.” (7ª estrofe)

  3. C

    “E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,” (2ª estrofe)

  4. D

    “Que a si mesma devora os membros e as entranhas,” (1ª estrofe)

  5. E

    “Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo” (6ª estrofe)

Gabarito:
    B

No verso “E é nesse destruir que as suas forças dobra.”, presente na 7ª estrofe, o verbo “destruir” deixa de indicar uma ação conjugada e passa a nomear um conceito, funcionando como um substantivo. Isso ocorre porque o pronome demonstrativo “nesse” (fusão de “em” + “esse”) funciona como um determinante que substantiva o verbo. Portanto, “nesse destruir” tem o mesmo sentido de “nesse ato de destruição”.

5

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