Questão 3 - Dia 1 - Unifesp 2026

Gabarito

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  • Resolução pendente

  • ANL

    Questão anulada

  • S/A

    Sem alternativas

Questão 3

Objetiva
3

Para responder às questões de 01 a 05, leia o poema “Uma criatura”, de Machado de Assis, publicado originalmente em 1880.

          Sei de uma criatura antiga e formidável,
          Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
          Com a sofreguidão1 da fome insaciável.

          Habita juntamente os vales e as montanhas;
          E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
          Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.

          Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
          Cada olhar que despede, acerbo e mavioso2,
          Parece uma expansão de amor e de egoísmo.

          Friamente contempla o desespero e o gozo,
          Gosta do colibri, como gosta do verme,
          E cinge ao coração o belo e o monstruoso.

          Para ela o chacal é, como a rola, inerme3;
          E caminha na terra imperturbável, como
          Pelo vasto areal um vasto paquiderme.

          Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
          Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
          Depois a flor, depois o suspirado pomo.

          Pois essa criatura está em toda a obra:
          Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
          E é nesse destruir que as suas forças dobra.

          Ama de igual amor o poluto4 e o impoluto;
          Começa e recomeça uma perpétua lida,
          E sorrindo obedece ao divino estatuto.
          Tu dirás que é a Morte: eu direi que é a Vida.

(Machado de Assis. Poesias completas, 2024.)

1sofreguidão: voracidade.
2mavioso: compassivo.
3inerme: indefeso.
4poluto: impuro.

A temática do poema pode ser caracterizada, sobretudo, como

Alternativas

  1. A

    místico-religiosa.

  2. B

    lírico-amorosa.

  3. C

    satírica.

  4. D

    social.

  5. E

    filosófica.

Gabarito:
    E

A temática do poema é filosófica porque o eu lírico busca definir a essência da Vida e sua relação com o tempo, a moral e a natureza. Ele propõe uma reflexão profunda sobre a ideia de que a vida se alimenta de si mesma (“devora os membros e as entranhas”) para continuar existindo, de maneira que as forças que regem o universo não distinguem entre o bem e o mal, ou entre a beleza e a feiura. Essa visão “fria” e indiferente da natureza é muito comum na fase realista de Machado de Assis (especialmente em obras como Memórias Póstumas de Brás Cubas). Para o autor, a natureza (ou a Vida) é uma força cega que continua seu trabalho independentemente do sofrimento humano.

3

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