Questão 2 - Dia 1 - Unifesp 2026

Gabarito

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  • S/A

    Sem alternativas

Questão 2

Objetiva
2

Para responder às questões de 01 a 05, leia o poema “Uma criatura”, de Machado de Assis, publicado originalmente em 1880.

           Sei de uma criatura antiga e formidável,
          Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
          Com a sofreguidão¹ da fome insaciável.

          Habita juntamente os vales e as montanhas;
          E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
          Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.

          Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
          Cada olhar que despede, acerbo e mavioso²,
          Parece uma expansão de amor e de egoísmo.

          Friamente contempla o desespero e o gozo,
          Gosta do colibri, como gosta do verme,
          E cinge ao coração o belo e o monstruoso.

          Para ela o chacal é, como a rola, inerme³;
          E caminha na terra imperturbável, como
          Pelo vasto areal um vasto paquiderme.

          Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
          Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
          Depois a flor, depois o suspirado pomo.

          Pois essa criatura está em toda a obra:
          Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
          E é nesse destruir que as suas forças dobra.

          Ama de igual amor o poluto⁴ e o impoluto;
          Começa e recomeça uma perpétua lida,
          E sorrindo obedece ao divino estatuto.
          Tu dirás que é a Morte: eu direi que é a Vida.

(Machado de Assis. Poesias completas, 2024.)

1sofreguidão: voracidade.
2mavioso: compassivo.
3inerme: indefeso.
4poluto: impuro.

Na construção do sentido do poema, o eu lírico recorre fundamentalmente aos seguintes recursos retóricos:

Alternativas

  1. A

    antítese e prosopopeia.

  2. B

    paradoxo e metalinguagem.

  3. C

    pleonasmo e paradoxo.

  4. D

    pleonasmo e prosopopeia.

  5. E

    antítese e metalinguagem.

Gabarito:
    A

O eu lírico recorre fundamentalmente à antítese e à prosopopeia como recursos retóricos do poema, pois, por meio da primeira figura de linguagem, ele humaniza a Vida para torná-la uma figura imponente e assustadora, enquanto, por meio da segunda, ele demonstra a neutralidade da Vida diante das dualidades do mundo. A antítese é identificada quando se aproximam termos opostos, como “Amor” vs. “Egoísmo”, “Desespero” vs. “Gozo”, “Colibri” vs. “Verme”, “Belo” vs. Monstruoso”, “Poluto” vs. “Impoluto” e, o desfecho final, “Morte” vs. “Vida”. Já a prosopopeia é identificada nos trechos em que se afirma que a criatura “devora a si mesma”, “espreguiça-se”, possui um “olhar”, “contempla” o desespero e “sorrindo obedece”.

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