Questão 12 - Dia 1 - Unifesp 2026

Gabarito

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  • ANL

    Questão anulada

  • S/A

    Sem alternativas

Questão 12

Objetiva
12

Para responder às questões de 08 a 14, leia o início da crônica “Assepsia vocabular”, do escritor Humberto Werneck, publicada originalmente em 06.05.2012.

1    Solange, a prima que adora falar difícil, vai ficar muito contrariada se você disser que ela é uma chata.
     Talvez o seja mesmo, admite, sempre impecável na colocação dos pronomes — mas está acima de suas forças tolerar que para qualificá-la se lance mão, ainda que no feminino, de substantivo tão vulgar, assimilando-a ao inseto anopluro da família dos ftiriídeos que tem por habitat preferencial o púbis humano; sim, ele mesmo, o infernal carrapatinho também conhecido como carango, ladro, piolho-das-virilhas, piolho-do-púbis ou piolho-ladro e, entre os cientistas, como Pthirus pubis.
     A Solange, portanto, em sua solanjal chatice, prefere que a chamem de maçante ou maçadora, como se usava dizer no tempo de seus pais. Quando também se dizia, aliás, que fulano ou fulana era “pau”, mas este a prima não quer que se lhe apliquem.
      Na casa onde a Solange se criou, já faz tempo, a palavra “chato” fazia companhia aos mais nefandos palavrões na lista daquilo que não se podia dizer. E quem zelava pela assepsia vocabular, censor implacável, era o tio Américo. Mesmo a Solange reconhece que o pai, serventuário da Justiça, extrapolava na macaqueação da fauna e do jargão forense, que tanto admirava, e até ia além, cravejando sua fala ribombante com profusão de pronomes descabidos.
5     Eu estava lá, meninote, no dia em que um dos primos lhe pediu um par de velhas abotoaduras, pedido que o tio Américo, na cabeceira da mesa, indeferiu nestes termos:
       — Não lhas dou porque já não lhas tenho, e mesmo que ainda lhas tivesse, não lhas daria!
      Ousasse alguém, na sua presença, dizer “esculhambar”, palavra que aos ouvidos do pai da Solange remetia a recônditos berloques da anatomia masculina. [...] Já o avô Manuel, natural dos Açores, ao se encaminhar para o banheiro [...], costumava anunciar, sem que lhe houvessem perguntado, que estava indo “dar de corpo”, como se diz em sua terra natal. Em certas regiões do Sul do Brasil, aprendemos depois, a mesma operação se chama — do ponto de vista das calças, imagino — “ir aos pés”.

(Humberto Werneck. Sonhos rebobinados, 2014.)

“Eu estava lá, meninote, no dia em que um dos primos lhe pediu um par de velhas abotoaduras, pedido que o tio Américo, na cabeceira da mesa, indeferiu nestes termos:” (5° parágrafo)

Os termos sublinhados nesse trecho referem-se, respectivamente, a

Alternativas

  1. A

    “um dos primos”, “um par de velhas abotoaduras” e “pedido”.

  2. B

    “dia”, “tio Américo” e “pedido”.

  3. C

    “dia”, “um dos primos” e “pedido”.

  4. D

    “um dos primos”, “tio Américo” e “pedido”.

  5. E

    “dia”, “um par de velhas abotoaduras” e “tio Américo”.

Gabarito:
    B

No trecho “Eu estava lá, meninote, no dia em que um dos primos lhe pediu um par de velhas abotoaduras, pedido que o tio Américo, na cabeceira da mesa, indeferiu nestes termos:”, os termos “que”, “lhe” e “que”, nessa ordem, referem-se, respectivamente, a “dia”, “tio Américo” e “pedido”, posto que o primeiro “que” é pronome relativo que retoma “dia”, introduzindo oração subordinada adjetiva explicativa que qualifica o antecedente temporal, o “lhe” é pronome oblíquo átono no dativo, referindo-se a “tio Américo” (beneficiário indireto do pedido verbalizado por “um dos primos”) e o segundo “que” é pronome relativo que retoma “pedido”, iniciando nova oração subordinada adjetiva restritiva que especifica o objeto do indeferimento pelo tio Américo.

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