Questão 22 - Prova V2 - Fuvest 2026

Gabarito

Questão 22

Objetiva
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     Decretou então o ótimo Artífice que àquele ao qual nada de próprio pudera dar tivesse como privativo tudo quanto fora partilhado por cada um dos demais. Assim, pois, tomou o homem, essa obra de tipo indefinido, e, tendo-o colocado no centro do universo, falou-lhe nestes termos: ‘A ti, ó Adão, não temos dado nem uma sede determinada, nem um aspecto peculiar, nem uma função singular precisamente para que o lugar, a imagem e as tarefas que reclamas para ti, tudo isso tenhas e realizes, mas pelo mérito de tua vontade e livre consentimento. As outras criaturas já foram prefixadas em sua constituição pelas leis por nós estatuídas. Tu, porém, não estás contido por amarra nenhuma. Antes, pela decisão do arbítrio, em cujas mãos te depositei, hás de predeterminar a tua compleição pessoal. Eu te coloquei no centro do mundo, a fim de poderes inspecionar, daí, de todos os lados, da maneira mais cômoda, tudo que existe. 

Pico della Mirandola. Discurso sobre a dignidade do homem. In: PICO, 
Giovanni, Conde de Mirândola e de Concórdia. A dignidade do homem
2ª. ed. Campo Grande: Solivros/Uniderp, 1999. Adaptado. 

Elaborado em 1486, na região da atual Itália, o texto do humanista Pico della Mirandola apresenta algumas características do movimento renascentista, dentre as quais 

Alternativas

  1. A

    a ética protestante e o espírito do capitalismo. 

  2. B

    a perspectiva da evolução e do etnocentrismo. 

  3. C

    a imortalidade do ser humano como pilar da construção da vida terrena. 

  4. D

    o antropocentrismo pela ausência da referência divina. 

  5. E

    a autonomia do ser humano como construtor de sua própria trajetória de vida. 

Gabarito:
    E

O Renascimento, enquanto movimento intelectual de amplo espectro, teve como uma de suas principais características o antropocentrismo. Dentro do contexto de formação e desenvolvimento do pensamento renascentista, o antropocentrismo foi apresentado como uma afirmação da capacidade cognitiva do ser humano, dotado de razão e, portanto, apto a criar saberes. Tal visão, de fato, rompia com limites intelectivos comuns ao teocentrismo medieval, pautado em uma compreensão do ser humano como um “reprodutor” de saberes já constituídos. Apesar dessa evidente ruptura, o antropocentrismo renascentista não rompe com a visão de um Deus criador. Na verdade, o antropocentrismo renascentista reafirma a ideia de Deus como criador do ser humano, dotando-o de uma “centelha” divina, a razão, que o torna capaz de compreender a obra de Deus e de, a partir dela, produzir novos saberes. Um exemplo dessa visão se encontra no afresco que ilustra a Capela Sistina, executado por Michelangelo. Na imagem central do teto, a Criação de Adão representa o momento no qual tal centelha seria passada à criatura pelo Criador. Dessa forma, com essa centelha concedida, o ser humano teria autonomia criativa, o que converge para o que a alternativa E apresenta. 

A alternativa A está incorreta, pois relaciona a Reforma Calvinista (século XVI) com o movimento do Renascimento. 

A alternativa B está incorreta, pois, ao abordar o conceito de etnocentrismo, não faz referência ao conceito de antropocentrismo, abordado no excerto apresentado no enunciado. 

A alternativa C está incorreta, pois elenca a “imortalidade do ser humano como pilar da construção da vida terrena”, além de não remeter a elementos do excerto. Há uma afirmação contraditória sobre imortalidade e vida terrena. 

A alternativa E está incorreta, pois define o antropocentrismo renascentista como a ausência da presença divina. 

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