Fique por dentro das novidades
Inscreva-se em nossa newsletter para receber atualizações sobre novas resoluções, dicas de estudo e informações que vão fazer a diferença na sua preparação!
Questão ativa
Já visualizadas
Não visualizadas
Resolução pendente
Questão anulada
Sem alternativas

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Em 2022, o total de pessoas com 65 anos de idade ou mais no país chegou a 10,9% da população, com alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era 7,4% da população. É o que revelam os resultados do universo da população do Brasil desagregada por idade e sexo do Censo Demográfico 2022. “O Estatuto do Idoso define como idoso a pessoa de 60 anos ou mais. O corte de 65 anos ou mais foi utilizado nessa análise para manter comparabilidade internacional e com outras pesquisas que utilizam essa faixa etária, como de mercado de trabalho”, justifica a gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE. O aumento da população de 65 anos ou mais e a diminuição da parcela da população de até 14 anos no mesmo período, que passou de 24,1% para 19,8%, evidenciam o franco envelhecimento da população brasileira.
GOMES, I.; BRITTO, V. Censo 2022. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br. Acesso em: 21 maio 2025 (adaptado).
TEXTO II
Um movimento na internet, contrário ao pictograma com a bengala para os idosos, iniciou uma campanha para modificar essa imagem. A empreitada coletiva acabou com a elaboração de um novo desenho, uma figura mais altiva, ao lado da inscrição “60+”.

Disponível em: www12.senado.leg.br. Acesso em: 21 maio 2025.
TEXTO III
A velhice é tempo de se retratar consigo mesma, de falar da doença, da sexualidade, do tédio e da liberdade de não se encaixar mais nas expectativas sociais. “A velhice não é doença. É destino”, escreve Rita Lee. Mas ela mesma mostra que esse destino não é sinônimo de mero encaminhamento para o fim — é campo de novas escolhas, inclusive a de desafiar estereótipos reservados para essa fase da vida.
A atriz Fernanda Montenegro, 95 anos, oferece em suas memórias uma síntese luminosa desse gesto de habitar o tempo com dignidade: “A velhice é o tempo em que a vida já foi vivida e, por isso mesmo, pode finalmente ser olhada de frente, sem o pânico do ineditismo”.
Disponível em: https://rascunho.com.br. Acesso em: 17 maio 2025.
TEXTO IV
Um novo estereótipo: o “velho ativo”, saudável e com recursos pressiona o “velho inativo”, doente e pobre. Nem todos os idosos têm recursos à disposição para aderir a essa corrida.
Idosos são os principais mantenedores dos lares

Disponível em: g1.globo.com. Acesso em: 4 jun. 2025 (adaptado).
TEXTO V
Dona Maria Rita era tão antiga que na casa da filha estavam habituados a ela como a um móvel velho. Ela não era novidade para ninguém. Mas nunca lhe passara pela cabeça que era uma solitária. Só que não tinha nada para fazer. Era um lazer forçado que em certos momentos se tornava lancinante: nada tinha a fazer no mundo. Senão viver como um gato, como um cachorro. Seu ideal era ser dama de companhia de alguma senhora, mas isso nem se usava mais e mesmo ninguém acreditaria nos seus fortes setenta e sete anos, pensariam que era uma fraca. Não fazia nada, fazia só isso: ser velha. Às vezes ficava deprimida: achava que não servia a nada, não servia sequer a Deus.
LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974.
TEXTO VI
Quem tem direito de viver mais?
O documentário Quantos dias. Quantas noites busca investigar quem, afinal, tem direito a uma vida longa no Brasil. “São inúmeros os marcadores que definem quem vai viver e quem vai sucumbir diante de uma realidade imposta por um sistema bastante perverso”, afirma o diretor do documentário.
“O envelhecimento leva a maioria das pessoas a um declínio funcional. Mas, se você chega aos 75 tendo acumulado desigualdades, principalmente pelo racismo, é muito difícil sobreviver com qualidade de vida”, diz um médico gerontólogo.
Disponível em: g1.globo.com. Acesso em: 10 jun. 2025 (adaptado).
A redação do Enem 2025 trouxe como tema “Perspectivas acerca do envelhecimento da população brasileira”, apresentando uma coletânea composta por seis textos motivadores, repetindo o formato adotado em 2024 — o que indica uma mudança de tendência na prova quanto ao número de textos. O INEP, ao abordar o envelhecimento da população, traz à tona uma discussão importante, necessária e, em certa medida, esperada pelos educadores há algum tempo.
Os textos motivadores trazem diferentes possibilidades de abordagens a respeito do envelhecimento. O Texto I, como forma de contextualizar o problema social, apresenta dados e informações referentes ao Censo Demográfico de 2022, o qual expõe a quantidade de pessoas idosas no país comparativamente à de até 14 anos, evidenciando uma mudança na estrutura etária do país, bem como explicita a definição de idoso a partir do Estatuto do Idoso. O Texto 2, por sua vez, contrasta o pictograma de representação dessa população: a imagem de uma pessoa com bengala e com curvatura nas costas, o que pode indicar um indivíduo com alguma debilidade, com a imagem de uma pessoa ereta com a inscrição 60+. O propósito de tal mudança é combater um estereótipo preconceituoso em relação a essa faixa etária. O Texto 3 expõe falas de duas grandes celebridades: a primeira, Rita Lee, traz uma crítica em relação ao estigma de que idoso é doente e não apresenta uma vida ativa, expondo a necessidade de se discutir todas as nuances da velhice, como a sexualidade, a liberdade, a doença e, também, o tédio; a segunda, Fernanda Montenegro, explicita como a maturidade e a experiência são motivadores para a continuidade de uma vida digna. O Texto 4 contrasta duas abordagens: "velho ativo" e "velho inativo", com a finalidade de evidenciar, a partir de dados do G1, que os idosos, atualmente, são os principais mantenedores dos lares brasileiros, sendo, em muitos casos, a única ou a principal fonte de renda das famílias. O Texto 5, a partir de um texto literário, expõe um excerto de uma crônica de Clarice Lispector, do livro Onde estivestes de noite, em que é relatada a história de dona Maria Rita, que se sente deprimida por não se sentir útil para a sua família e para a sociedade, já que vivia solitária, exprimindo uma perspectiva simbólica da velhice. O Texto 6, por fim, explicita o documentário Quantos dias. Quantas noites, em que é abordado como o envelhecimento digno também está atrelado a uma questão de renda, visto que a população mais vulnerável encontra mais desafios para chegar à velhice com qualidade de vida.
O conjunto de textos motivadores deste ano conduz o estudante a refletir sobre como a visão do envelhecimento na sociedade vem se transformando. Em um contexto em que a população brasileira envelhece rapidamente, enquanto diminui o número de nascimentos e, portanto, de jovens, a prova convida o candidato a pensar sobre a necessidade de ressignificar o lugar social da pessoa idosa, especialmente em relação à visão preconceituosa de que eles são doentes, frágeis e sem função social. Essa mudança de perspectiva dialoga com uma realidade social e econômica importante, que foi destacada no Texto 4 da coletânea, de que a população idosa é hoje protagonista financeira em muitas famílias, permanece ativa no mercado de trabalho e reivindica novas formas de representação e oportunidades. Além disso, os textos permitiram reflexões sobre o idadismo (ou etarismo) – o preconceito etário – e sobre a descartabilidade simbólica e mercadológica que ainda afeta a população mais velha. A discussão do tema dialoga diretamente com debates recentes na sociedade e até mesmo com outras avaliações educacionais, como a Prova Nacional Docente, que também abordou o tema do idadismo.
Como exigido pela banca de avaliação do Enem, era esperado que os estudantes incluíssem um repertório sociocultural, a fim de contextualizar o tema e/ou de contribuir para a sua construção argumentativa. Dentre os repertórios possíveis, destacam-se: filmes como Up: altas aventuras, Vitória, Um senhor estagiário, A substância e O último azul; o conceito de violência simbólica de Pierre Bourdieu; o poema “Retrato”, de Cecília Meireles; bem como era possível expor propagandas, fatos históricos e até exemplos amplamente divulgados nas mídias digitais, que, em certa medida, contribuíssem para a argumentação desenvolvida pelo estudante.
De forma ampla, o Enem 2025 convidou os participantes a pensarem sobre como ressignificar a imagem do envelhecer, reconhecendo o idoso como sujeito de direitos, ativo e relevante, e sobre quais ações sociais e de saúde pública são necessárias para garantir um envelhecimento digno e saudável no Brasil.
Exemplos de Redação Enem 2025:
Exemplo 1:
No filme Um senhor estagiário, é retratada a história de um homem que, aos 70 anos, tenta retornar ao mercado de trabalho, contudo enfrenta dificuldades para ser contratado por causa de preconceitos relacionados à sua idade. O ambiente de estigma retratado no filme, em certa medida, é recorrente com a população idosa brasileira, já que visões estereotipadas são, muitas vezes, reproduzidas pela sociedade e pelos meios midiáticos. Soma-se a isso o fato de muitos idosos, mesmo após se aposentar, terem que buscar novas fontes de renda para custear os cuidados decorrentes da velhice. Cabe discutir, assim, que há perspectivas negativas acerca do envelhecimento da população brasileira, na medida em que, sob a ótica do capitalismo, o indivíduo só tem valor quando produtor de riqueza, o que perpetua um culto à juventude.
A visão de indivíduo enquanto produto contribui para a desvalorização do envelhecimento. Isso ocorre porque o capitalismo, ao objetivar o lucro, costuma valorizar aqueles que, de alguma forma, atuam no sistema, seja produzindo, seja consumindo, de forma que aquilo que não mais o favorece é descartado. Os idosos, por não estarem muito inseridos nessa lógica, acabam tendo pouca função, o que contribui para a construção de uma mentalidade preconceituosa a respeito deles, os quais passam a ser vistos socialmente como incapazes, frágeis e lentos — especialmente frente à velocidade com que as tecnologias e a economia se expandem. Tal concepção faz com que, mesmo quando os idosos têm que continuar no mercado de trabalho, dada a necessidade financeira, por serem considerados improdutivos, eles sejam alvos de preconceitos, como retratado no filme Um senhor estagiário. Dessa forma, o viés econômico conduz à marginalização dessa população.
Por conseguinte, desenvolve-se uma cultura de valorização da jovialidade. Esse fato decorre tanto da concepção capitalista como da indústria midiática, as quais disseminam cotidianamente rostos e corpos jovens, saudáveis e ágeis. A primeira, por exemplo, vende a produtividade como sinônimo de sucesso profissional e pessoal, que deve ser atingida por todos como uma forma de adequação a ele, o que requer vigor e proatividade. A segunda, de modo semelhante, difunde propagandas exaltando um padrão de juventude que pode ser alcançado por meio de procedimentos estéticos simples, como botox, harmonização facial e peeling, e por métodos que apagam outros traços do envelhecimento, como tintura de cabelo e vestimentas joviais; tudo isso como uma tentativa de conquistar uma aparência jovial e distanciar-se da velhice. Dessa maneira, observa-se que o culto à juventude traz barreiras para o envelhecimento populacional.
Em suma, a concepção de indivíduo como produto e a valorização da juventude configuram desafios para garantir o envelhecimento da população. Portanto, cabe ao Poder Executivo federal, na figura do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, investir na modificação da visão social acerca da velhice, por meio de campanhas educativas veiculadas nas mídias e direcionadas à comunidade em geral, a fim de garantir visões mais positivas acerca dessa faixa etária. Desse modo, haverá uma sociedade que valoriza a sua experiência e a sua sabedoria, diferentemente do que acontece em Um senhor estagiário.
Exemplo 2:
O filme Um senhor estagiário retrata a história de um idoso, que, ao estagiar em uma grande empresa, é subjugado por seus colegas mais jovens devido à sua idade. Fora da ficção, na sociedade brasileira, a população idosa também é inferiorizada, tendo em vista que, para além do preconceito na esfera laboral, ela é frequentemente menosprezada na vida social. Isso ocorre devido à valorização excessiva da juventude, a qual gera, como consequência, a exclusão dos mais velhos. Por essa razão, é fundamental pensar as perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira.
A princípio, nota-se que valorizar demasiadamente características atribuídas aos mais jovens limita as perspectivas acerca do envelhecimento. Isso ocorre porque, em uma sociedade capitalista, marcada pelo consumo e pelo acúmulo de capital, propagandas televisivas e publicidades midiáticas são úteis à construção de narrativas que impulsionam a venda de produtos e serviços, com o objetivo de produzir lucro para as grandes empresas. Nesse sentido, corporações de beleza, por exemplo, enaltecem a juventude com anúncios de cremes antirrugas e cosméticos que visam à redução das linhas de expressão, atribuindo uma imagem negativa ao processo de envelhecimento. Com isso, a velhice, uma etapa natural da vida, é vendida como algo a ser mascarado.
Por conseguinte, um dos horizontes para os idosos é a exclusão social. Dessa forma, a estigmatização do envelhecimento no ambiente neoliberal regido pela produtividade faz com que esses indivíduos sejam vistos como incapazes de se adequarem ao ritmo acelerado de produção por terem possíveis limitações físicas ou motoras. Assim, as oportunidades no mercado de trabalho se tornam restritas, de modo que, em um cenário no qual 28% da faixa etária de 65 a 74 anos trabalha e é responsável pelo sustento familiar – de acordo com o G1 –, ocorre o desemprego e, consequentemente, a insuficiência de renda, o que leva à exclusão dos idosos nas esferas de trabalho, consumo e lazer. Logo, suas famílias também são afetadas.
Portanto, urge que perspectivas positivas sejam criadas para assegurar um envelhecimento digno na sociedade brasileira. Para isso, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) – órgão que fiscaliza a ética nas propagandas – deve propor o debate em torno da imagem social que os idosos têm em filmes e publicidades, a fim de reduzir a idolatria à juventude e os estigmas sobre a velhice. Dessa maneira, as conjecturas sobre o processo de envelhecer poderão ser positivas socialmente e, também, no ambiente laboral, assim sendo distantes da realidade de discriminação retratada em Um senhor estagiário.
Inscreva-se em nossa newsletter para receber atualizações sobre novas resoluções, dicas de estudo e informações que vão fazer a diferença na sua preparação!