Redação - 2ª Fase - Dia 4 - IME 2026

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DEPENDÊNCIA DIGITAL: UMA EPIDEMIA SILENCIOSA

USO EXCESSIVO DO CELULAR NA INFÂNCIA

     Crianças com um celular nas mãos também são uma visão comum hoje em dia. Mas será que estamos atentos aos efeitos disso? O uso excessivo do celular na infância pode ter consequências sérias. Estudos mostram que o excesso de tempo de tela está associado a problemas de atenção, dificuldades de aprendizado e transtornos emocionais, como ansiedade e depressão.

     Um exemplo claro é a relação entre o tempo de tela e a saúde mental. Crianças que passam muitas horas conectadas tendem a apresentar maiores níveis de ansiedade e irritabilidade. Adam Alter destaca que a interação com dispositivos digitais pode prejudicar o desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais.

     Além disso, a exposição contínua a telas pode levar a problemas físicos. Obesidade e problemas de visão são frequentes entre crianças que passam muito tempo em frente a dispositivos. Estudos da Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam limitar o uso de telas para evitar esses problemas.

Disponível em: https://iclnoticias.com.br/conhecimento/dependencia-digital/. Acesso em 11 set 25. (texto adaptado)

A popularização de ferramentas como GPS, assistentes virtuais e corretores automáticos de texto trouxe mais agilidade às atividades do dia a dia. Entretanto, também levantou questionamentos sobre a perda ou o enfraquecimento de habilidades humanas, como orientação espacial, memória e domínio da escrita. Assim, com o avanço de tecnologias ainda mais complexas, como a Inteligência Artificial e a Computação Quântica, torna-se urgente refletir sobre quais competências continuarão sendo essenciais no futuro. Dessa maneira, a partir das ideias abordadas na prova de português e nos textos, produza um texto dissertativo-argumentativo que discorra sobre O IMPACTO DO AVANÇO DAS TECNOLOGIAS SOBRE AS HABILIDADES COGNITIVAS E SOCIAIS DOS SERES HUMANOS.

Em sua escrita, atente para as seguintes observações:

  1. Considere a norma culta da língua portuguesa. Eventuais equívocos morfossintáticos, erros de regência, concordância, coesão e coerência, bem como desvios da grafia vigente e a não observância das regras de acentuação serão penalizados;

  2. O texto deverá ter entre 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas escritas com caneta de tinta azul. A produção de texto DEVERÁ ser realizada no CADERNO DE SOLUÇÕES; e

  3. Não copie nem faça paráfrases de nenhuma parte dos textos apresentados neste exame, seja da prova de português ou seja da prova de inglês.

Comentário:

O IMPACTO DO AVANÇO DAS TECNOLOGIAS SOBRE AS HABILIDADES COGNITIVAS E SOCIAIS DOS SERES HUMANOS 

     A influência da tecnologia na contemporaneidade tem norteado a abordagem dos temas nas propostas de redação do IME. Na prova do ano passado, essa influência foi apresentada explicitamente na organização da frase temática (Os impactos do uso da tecnologia na gestão do tempo), aspecto que foi retomado pela prova neste ano: O impacto do avanço das tecnologias sobre as habilidades cognitivas e sociais dos seres humanos. A escolha pela repetição da palavra “impacto” revela uma preocupação com as consequências dessa tecnologia. Entretanto, na prova 2025/2026 há um direcionamento mais específico, exigindo uma análise dessas consequências nas habilidades cognitivas e nas habilidades sociais, que poderiam gerar dois parágrafos de argumentação com encaminhamentos distintos: um, focado na questão cognitiva; outro, na social. No entanto, essa estratégia de separar os núcleos da frase temática em parágrafos diferentes é apenas uma entre muitas possibilidades, por exemplo: em um mesmo argumento, é possível analisar o impacto dessas tecnologias na saúde mental dos seres humanos, com desdobramentos no âmbito cognitivo (problemas de atenção, dificuldades de aprendizagem) e no social (habilidades de interação). 

     A produção textual é delineada por um artigo cujo título já induz aos impactos negativos da tecnologia: “Dependência digital: uma epidemia silenciosa” – as palavras “dependência” e “epidemia” relacionam-se a problemas de saúde. Nesse artigo, há uma espécie de “recorte” para a questão do uso excessivo de telas na infância, especificamente do celular, gerando consequências sérias na saúde mental (como aumento de ansiedade e irritabilidade, além de prejuízos no desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais) e na saúde física (por exemplo, no aumento da obesidade e de problemas de visão). Ignorar esse olhar para os efeitos nocivos da tecnologia desde a infância pode ser problemático em termos de avaliação, pois envolve a compreensão do tema. 

     Além do referido artigo, há também na proposta um encaminhamento que prepara os candidatos para o entendimento da frase temática: sabe-se que o desenvolvimento tecnológico é responsável por uma série de benefícios que agilizam o dia a dia, como GPS, assistentes virtuais e corretores automáticos de texto; contudo, essa tecnologia tem sido associada à perda ou ao enfraquecimento de habilidades humanas, tais como “orientação espacial” e “domínio da escrita”. O desenvolvimento de tecnologias ainda mais complexas, a exemplo da Inteligência Artificial e da Computação Quântica, desperta o questionamento acerca de quais competências continuarão sendo essenciais no futuro – claramente uma preocupação com as habilidades humanas, especificamente as cognitivas e sociais. 

     Nesse encaminhamento, há uma observação importante: as ideias abordadas nos dois textos presentes na prova de português interferem na compreensão da proposta de redação. Observa-se aqui que a menção específica ao GPS (“orientação espacial”) é uma forma de forçar o diálogo com o texto 2 da prova de português (“De volta ao básico: soldados finlandeses recorrem a mapas de papel para aprender a lidar com bloqueios de GPS”). Nesse texto, que trata dos desafios trazidos pelos ataques cibernéticos, os soldados precisam aprender como sobreviver sem satélites, GPS e comunicações, sendo uma forma de garantir que habilidades humanas sejam preservadas em um contexto de falta de confiança na tecnologia. São essas as habilidades enfatizadas no texto 1 (“Canção do Expedicionário”), que retrata o passado do soldado brasileiro, símbolo de bravura e sacrifício, e seu amor à pátria, mesmo em sua simplicidade. Conforme análise presente na 20ª questão da prova de português, “os textos 1 e 2 constroem uma conexão entre o passado e o presente, mostrando que, mesmo com os avanços tecnológicos, a guerra ainda demanda habilidades precípuas e inteligência emocional, por vezes desvinculadas da tecnologia”. Assim, a prova de português reforça a ideia de que as habilidades humanas continuam sendo de suma importância no contexto contemporâneo. 

     Ainda que não haja um encaminhamento específico que exija sua análise para compreensão do tema, os textos da prova de inglês reforçam a preocupação com a perda de habilidades humanas (cognitivas e sociais), principalmente o texto 1: “ChatGPT may be eroding critical thinking skills, according to a new MIT study” – em tradução livre: “O ChatGPT pode estar prejudicando as habilidades de pensamento crítico, segundo um novo estudo do MIT” – aqui, aborda-se o enfraquecimento da habilidade humana de “domínio da escrita”, indicada no encaminhamento temático –, a partir do desenvolvimento de tecnologias de Inteligência Artificial. Esse estudo conduzido pelo MIT investigou os efeitos cognitivos do uso do ChatGPT na produção de textos, indicando níveis mais baixos de atividade cerebral, com resultados piores em habilidades linguísticas e comportamentais quando comparados aos níveis dos indivíduos que produziram textos sem o auxílio da inteligência artificial. 

     O tema de redação proposto pelo IME é extremamente pertinente, uma vez que a Oxford University Press escolheu a expressão “brain rot” (em tradução livre: apodrecimento cerebral) como “palavra do ano” de 2024, indicando o reconhecimento de um declínio das capacidades mentais ou intelectuais das pessoas pelo tempo excessivo de consumo de conteúdo online, como um grande impacto do avanço das tecnologias. Além disso, medidas como a proibição de celulares nas escolas, como no caso do Brasil, têm sido tomadas como forma de minimizar as consequências negativas do uso dessas telas na aprendizagem e na saúde mental dos estudantes, principalmente os mais jovens. Esse impacto negativo foi amplamente divulgado com o sucesso da publicação do livro “A Geração Ansiosa – Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais”, do psicólogo Jonathan Haidt. 

     Para uma abordagem completa e adequada do tema, é necessário considerar que o impacto do avanço das tecnologias sobre as habilidades cognitivas e sociais dos seres humanos foi apresentado de forma negativa pelo IME, indicando preocupação com esse impacto desde a infância e reconhecendo a importância de desenvolver as habilidades humanas, que serão cada vez mais essenciais diante do avanço expressivo das tecnologias. Em uma análise ampla da coletânea, incluindo os textos das provas de português e de inglês, nota-se uma predominância de aspectos relacionados às habilidades cognitivas em detrimento das habilidades sociais, como a já comprometida interação real entre os indivíduos devido à presença constante no mundo virtual. 

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