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“São os ratos!... Vai escutar com atenção, a respiração meio parada. Hão de ser muitos: há várias fontes daquele guinchinho, e de quando em quando, no forro, em vários pontos, o rufar...
A casa está cheia de ratos...”
Dyonélio Machado. Os ratos.
A obra Os ratos (1935), de Dyonélio Machado, narra o dia em que Naziazeno saiu pela cidade de Porto Alegre no intuito de conseguir dinheiro para pagar a conta do leiteiro. Os animais que dão título à narrativa apenas aparecem em seus últimos capítulos e ocupam o tempo reservado para o descanso do protagonista. É possível, então, afirmar:
Naziazeno, inconformado com sua condição de devedor, perambula pela cidade, encontrando refúgio junto aos ratos que o acolhem.
Os ratos são os credores de Naziazeno zoomorfizados, que se encontram à espreita para a cobrança de outras dívidas.
Os “guinchinhos”, que ressoam nos ouvidos de Naziazeno, são o eco de seu dia de perambulação, como se lembrassem os obstáculos que venceu.
Os ruídos dos roedores mostram que Naziazeno, ao pagar a sua dívida, esquece os obstáculos que venceu.
O contraste entre o repouso de Naziazeno e o aparecimento dos roedores denuncia a permanência da sua situação de penúria social e financeira.
Em Os ratos, o protagonista Naziazeno Barbosa é perturbado pelo que parecem ser ruídos de ratos vindos da cozinha, onde ele deixou o dinheiro para pagar o leiteiro. O receio de que o dinheiro esteja sendo roído pelos ratos mostra o medo e a insegurança do personagem devido à sua a situação de penúria social e financeira.
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