Questão 49 - Prova V4 - Fuvest 2025

Gabarito

Questão 49

Objetiva
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     “Aconteceu num debate, num país europeu. Da assistência alguém me lançou a seguinte pergunta:
     - Para si, o que é ser africano?
     Falava-se, inevitavelmente, de identidade versus globalização. Respondi com uma pergunta:
     - E para si, o que é ser europeu?
     O homem gaguejou. Não sabia responder. Mas o interessante é que, para ele, a questão da identidade se colocava naturalmente para os africanos. Não para os europeus. Ele nunca tinha colocado a questão no espelho.
     Recordo o episódio porque me parece que ele toca uma questão central: quando se fala de África, de qual África estamos falando? Terá o continente africano uma essência facilmente capturável? Haverá uma substância exótica que os caçadores de identidades possam recolher como sendo a alma africana?”

COUTO, Mia. “Um retrato sem moldura”. In: HERNANDEZ, Leila Leite. A
África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo
Negro, 2008. p.11.

Ao relatar e comentar o episódio, o escritor moçambicano Mia Couto apresenta a África como

Alternativas

  1. A

    uma construção histórica proporcionada pela ação humanitária dos colonizadores europeus. 

  2. B

    um resultado natural da luta dos povos do continente contra a dominação estrangeira.

  3. C

    uma região historicamente afetada por graves problemas demográficos e sanitários. 

  4. D

    um continente definido a partir de critérios políticos e geográficos deterministas. 

  5. E

    um mosaico composto por relações econômicas, políticas e culturais instáveis. 

Gabarito:
    E

A questão deve ser resolvida a partir das colocações de Mia Couto no texto apresentado.

Ele relata uma questão recebida de um interlocutor europeu a respeito da identidade africana. Mia Couto indaga: “quando se fala de África, de qual África estamos falando? Terá o continente africano uma essência facilmente capturável? Haverá uma substância exótica que os caçadores de identidades possam recolher como sendo a alma africana?”.

Suas indagações questionam o olhar externo sobre a África como algo singular, como uma única realidade ou identidade. Mia Couto aponta para a direção de se entender o continente africano como plural, múltiplo em suas culturas e relações econômicas e políticas, tal como expressa a alternativa E.

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