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Desenvolvendo-se nesse meio, é natural que Celina, filha mais velha de D. Adozinda, tivesse seus pequenos flirts com alguns desses rapazes, muito íntimos da casa e trazendo-lhe da cidade presentes de doces, de balas de ovo, de jornais ilustrados ou de frutas.
As irmãs mais novas iam ao colégio; ela ficava, enchendo o tempo com um crochês vagarosos, costuras leves, a leitura dos folhetins dos jornais; ou o Gilberto, que raramente saia, andava sempre ao seu lado, muito caído por esse tipo um pouco mórbido de menina anêmica [...]
O Gilberto não valia nada, mas quem sabe se apareceria outro, simplório e sincero como ele? E a filha, com os seus dezessete anos, começava a embaraçá-la um pouco, nesse difícil papel de virgem numa casa de pensão, cheia de rapazes. Ora, o melhor era esperar, dar tempo ao tempo... E o Gilberto e a Celina continuaram a namorar-se, ele cândido, ela dúbia; enquanto o Coronel Juvenato, que deixara a mulher em Sobral para tratar de uma concessão rendosa com os políticos do Rio, ia agora monopolizando, como protetor mais importante, as alegres visitas matinais da viúva, que já lhe levava sempre o café — mas sem flores colhidas no jardim, ainda rociadas de orvalho, porque o cearense não dava para essas coisas de poesia. Era rápido, prático, e não admitia bobagens. Por isso, todos os sábados à noite, ele dizia a D. Adozinda com um tremor lúbrico nas banhas moles da face, os olhinhos vivos pestanejando:
— A senhora não se esqueça que amanhã é domingo — Leve-me cedo o café, hein?... que eu tenho de ir à missa...
— Pois não, pois não, Coronel! fique descansado — respondia a viúva do Ferreira, muito atenciosamente, tirando-lhe uma caspas da gola do paletó, com a mão repolhuda.
Os outros hóspedes riam-se à socapa; e no domingo o café não faltava, bem cedinho...
DOLORES, C. A luta. Rio de Janeiro: Irmã, s.d.
Nesse trecho, ao explorar a descrição com recurso que demarca impressões e pontos de vista, o narrador cria uma ambiência sugestiva do(a)
escárnio relacionado à degradação moral dos indivíduos.
cenário urbano marcado por condições de insalubridade.
persistência do sentimentalismo explorado pelos folhetins.
prática do enriquecimento ilícito visto nas grandes cidades.
desigualdade de gênero acentuada pela baixa escolarização.
A questão que envolve o texto de Carmen Dolores é passível de questionamentos, pois a palavra “escárnio” soa exagerada diante da descrição feita. Contudo, a alternativa mais próxima do excerto é a A, pois, ao expor o Coronel Juvenato que “deixara a mulher em Sobral” e mesmo assim “ia agora monopolizando […] as alegres visitas matinais da viúva, que já lhe levava sempre o café” sugere-se uma atmosfera de traição, assim como o irônico “Leve-me cedo o café, hein?…que eu tenho de ir à missa…”. Sendo assim, infere-se a degradação moral (aliada à sugestão da traição e à hipocrisia religiosa).
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