Fique por dentro das novidades
Inscreva-se em nossa newsletter para receber atualizações sobre novas resoluções, dicas de estudo e informações que vão fazer a diferença na sua preparação!
Questão ativa
Já visualizadas
Não visualizadas
Resolução pendente
Questão anulada
Sem alternativas

Em seu ensaio “A vida não é útil”, Ailton Krenak elege Carlos Drummond de Andrade como um de seus “escudos”. Ele cita a última estrofe de “O Homem; as Viagens”, poema publicado em As impurezas do Branco (1973). Reproduzimos, a seguir, a primeira e a segunda estrofe desse poema:
“O Homem; as Viagens
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
(...)”.
(ANDRADE, C. D. O Homem; As viagens, As impurezas do Branco. In: Poesia Completa.
Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, p. 718, 2002.)
(KRENAK, A. A vida não é útil. Pesquisa e organização de Rita Carelli. São Paulo: Companhiadas Letras, 2020.)
Em relação às reflexões de Ailton Krenak, é correto afirmar que esse trecho do poema
responsabiliza a ciência e tecnologia, desgastadas em seus valores, pela corrosão das relações nas sociedades contemporâneas.
mostra que os Homens, guiados pela ideia de progresso, não adotam uma postura consciente em relação ao seu espaço.
evidencia que a Terra, desgastada em seus valores, foi superada pelos elementos da conquista espacial.
identifica a aniquilação das sociedades contemporâneas nos programas de governos persuadidos pelo progresso.
No poema “O Homem; as Viagens”, de Carlos Drummond de Andrade, percebe-se uma crítica à ideia de progresso como fuga e repetição, e não como transformação consciente do mundo.
O homem, entediado e insatisfeito com a Terra, parte para outros planetas e neles repete os mesmos gestos de domínio e destruição, sem reflexão crítica. A escolha vocabular de termos como “coloniza” e “civiliza” reforçam essa ideia. Esses verbos, colocados em sequência, revelam ironia: aonde o homem chega, ele repete o mesmo modelo, produzindo os mesmos problemas. A visão do eu lírico drummondiano dialoga diretamente com as reflexões de Ailton Krenak, que denuncia a lógica de progresso ocidental em expansão desenfreada, sem respeito à Terra e sem consciência ecológica.
Inscreva-se em nossa newsletter para receber atualizações sobre novas resoluções, dicas de estudo e informações que vão fazer a diferença na sua preparação!