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Texto 1
Chatbots de inteligência artificial (IA) — como o ChatGPT, da OpenAI — têm sido utilizados, recentemente, para fazer terapia. Apelidado de “Terapeuta GPT”, o programa não aconselha os usuários a substituírem um terapeuta real pela ferramenta.
Especialistas em saúde mental afirmam que essa tecnologia em desenvolvimento pode ser benéfica em certas situações, mas também há riscos a serem considerados. “Alguns usuários, algumas populações, podem estar mais propensos a se abrir ou se revelar mais quando conversam com um chatbot de IA, em comparação a um ser humano, e há algumas pesquisas que apoiam sua eficácia”, afirma Russell Fulmer, presidente da força-tarefa sobre IA da Associação Americana de Aconselhamento. “Por outro lado, há algumas questões éticas e coisas com as quais precisamos ter cuidado”, observa.
(Taylor Nicioli. “É seguro usar ChatGPT para terapia? Veja o que especialistas dizem”.
www.cnnbrasil.com.br, 18.12.2024. Adaptado.)
Texto 2
Leonardo Martins, professor de pós-graduação em psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), é um dos criadores de um aplicativo que oferece atendimento psicológico gratuito via chat para pessoas com problemas relacionados ao uso de álcool. Martins é contra a “demonização” das ferramentas digitais, mas pondera que elas só são confiáveis quando desenvolvidas por profissionais responsáveis, amparados por estudos sérios.
Segundo o professor, “temos um cenário de saúde mental de 900 milhões de pessoas com algum transtorno, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), em especial ansiedade e depressão. Então, há uma crise importante em relação a esse aspecto de saúde, um cenário de poucos profissionais, que precisam de mais recursos, mas queremos que esses recursos ajudem de fato essas pessoas e não que as coloquem mais vulneráveis ainda”.
Um exemplo positivo citado por Martins é um chatbot criado pelo sistema de saúde do Reino Unido como porta de entrada para os serviços de saúde mental. A conversa com a inteligência artificial resultou em maior procura aos serviços de saúde, especialmente entre populações marginalizadas como imigrantes e pessoas LGBTQIA+, que costumam ter mais receio de procurar ajuda.
(Tâmara Freire. “‘Sessão de terapia’ no ChatGPT oferece riscos e preocupa especialistas”. https://agenciabrasil.ebc.com.br, 15.05.2025. Adaptado.)
Texto 3
Nos últimos anos, o uso de inteligência artificial (IA) na terapia psicológica tem se expandido, especialmente com o desenvolvimento de chatbots mais sofisticados. Essa tecnologia, que promete facilitar o acesso ao aconselhamento psicológico, levanta questões sobre seu impacto na saúde mental, que ainda não foram plenamente respondidas. Apesar dos benefícios potenciais, psicólogos alertam sobre os riscos associados.
A psicóloga Fernanda Landeiro enfatiza que, em vez de auxiliar, muitas vezes a IA pode intensificar a dependência e o isolamento dos usuários, especialmente entre os jovens.
A precisão dos diagnósticos gerados por IA também é uma questão preocupante. Um estudo conduzido pela faculdade Weill Cornell Medicine, de Nova Iorque, destacou falhas alarmantes na interpretação de sintomas. Em um caso, a IA confundiu sinais de ansiedade com insônia. Em outro, um paciente com pensamentos suicidas teve seu estado interpretado como cansaço. Apesar dessas preocupações, no entanto, o avanço na tecnologia tem reduzido a frequência desses erros.
(Laura Mendes. “Inteligência Artificial na Terapia: Desafios e Potencial para Saúde Mental” www.inspirednews.com.br, 22.06.2025. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Terapia com IA pode ser alternativa ao tratamento com um psicólogo?
O tema escolhido pela Fundação Vunesp para o vestibular da Santa Casa foi “Terapia com Inteligência Artificial (IA) pode ser alternativa ao tratamento com um psicólogo?”. A organização da frase temática é bastante característica da Vunesp, uma vez que está organizada em forma de pergunta “sim” ou “não”, dando liberdade de posicionamento aos candidatos – quando o tema é uma pergunta, espera-se que a tese da dissertação argumentativa seja a resposta a ela. Um aspecto interessante a ser observado é que o impacto da tecnologia no comportamento da sociedade tem sido uma abordagem constante nas últimas provas da banca, com ênfase na Inteligência Artificial: (Einstein 2026) “IA e recursos hídricos: entre a sustentabilidade e o consumo excessivo” e (Unifimes 2026) “O uso da IA ajuda no processo de luto ou representa um risco à saúde mental?”.
Nesta prova da Santa Casa, os textos da coletânea estão equilibrados para mostrar os dois lados da questão e, assim, validar qualquer um dos dois posicionamentos. O primeiro texto (“É seguro usar ChatGPT para terapia?") apresenta o tema, explicando o que são os chatbots de Inteligência Artificial para um processo terapêutico. Por um lado, o uso do “terapeuta GPT” traz um saldo positivo, sobretudo para aqueles que se sentem mais à vontade em se abrir com a IA do que com uma pessoa propriamente dita; por outro, isso esbarra em questões éticas. O Texto 1, nesse sentido, é bastante neutro, mais informativo.
O Texto 2 ("‘Sessão de terapia’ no ChatGPT oferece riscos e preocupa especialistas"), por sua vez, aponta os lados positivos do uso da IA para terapia. Com a fala de um psicólogo – ou seja, uma figura de autoridade na área –, é possível mobilizar duas questões principais que justificam o posicionamento “sim”: a gratuidade do tratamento, tornando-o mais inclusivo por questões econômicas, e a abrangência do tratamento, já que pessoas da comunidade LGBTQIA+ e imigrantes, que são marginalizadas socialmente, podem procurar a ajuda sem receio de julgamento. Por trazer dados da OMS, o segundo texto oferece evidências (“provas” que ajudam a sustentar a argumentação), principalmente no que diz respeito à quantidade de pessoas com algum transtorno psicológico – como depressão e ansiedade – que precisam de um apoio “profissional”. O problema é que ambos os argumentos apresentados acabam trazendo a ideia de acesso a tratamento psicológico, o que pode implicar uma circularidade na argumentação, dependendo do modo como ela for conduzida. Além disso, é preciso ter cuidado: o próprio título do texto já indica que há riscos nesse tipo de tratamento, mesmo que o excerto não explicite essa ideia.
Por fim, o Texto 3 (“Inteligência Artificial na terapia: desafios e potencial para saúde mental”) vai justificar o posicionamento “não” em relação à pergunta da frase temática: até que ponto esse tipo de tratamento é preciso nos diagnósticos e não reforça uma dependência e/ou isolamento dos usuários? Com esse texto, é possível criticar com mais segurança o tema, com embasamento em pesquisa científica, inclusive para “rebater” alguns aspectos positivos que foram apresentados no Texto 2: de que modo esse tipo de tratamento vai ajudar pessoas com problemas psicológicos se há “falhas alarmantes na interpretação de sintomas”? Isso pode levar a uma automedicação ou a uma busca por tratamentos que não são condizentes com a realidade do paciente. Ao mesmo tempo, ao depender unicamente da IA, principalmente os mais jovens – os quais muitas vezes já mostram uma tendência ao isolamento, motivado pelo uso excessivo de telas/redes sociais –, podem se isolar, agravando ainda mais transtornos como a depressão. Se esse pensamento for estendido às comunidades marginalizadas, o mesmo cenário se aplica: ao criar a dependência que pode levar ao isolamento, a IA estaria “terapeutizando” ou prejudicando o processo de cura do indivíduo?
O pouco tempo que a Santa Casa disponibiliza para os candidatos realizarem a prova pode ser um fator complicador na hora de fazer o texto, mas a proposta de redação estava consistente e bem equilibrada, validando qualquer um dos dois posicionamentos direcionados pela pergunta da frase temática.
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