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Leia o texto a seguir para responder às questões 7, 8 e 9.
Abaixo, leia um trecho do romance Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, cujo enredo acontece em uma sociedade distópica, em que livros são proibidos, e os bombeiros têm por função queimar os livros encontrados. O excerto é um diálogo entre os bombeiros Montag, personagem principal da narrativa, e seu chefe Beatty. Na cena, também está presente a esposa de Montag, Mildred.
"[...]
— Imagine o quadro. O homem do século dezenove com seus cavalos, cachorros, carroças, câmera lenta, Depois, no século vinte, acelere sua câmera. Livros abreviados. Condensações, Resumos, Tabloide. Clássicos reduzidos para se adaptarem a programas de rádio de quinze minutos, depois reduzidos novamente para uma coluna de livro de dois minutos de leitura, e, por fim, encerrando-se num dicionário, num verbete de dez a doze linhas. Estou exagerando, é claro. Os dicionários serviam apenas de referência. Mas, para muitos o Hamlet, certamente você conhece o título. Montag; provavelmente a senhora ouviu apenas uma vaga menção ao título. Senhora Montag. O Hamlet não passava de um resumo de uma página num livro que proclamava: "Agora você finalmente pode ler todos os clássicos: faça como seus vizinhos". Está vendo? Do berço até a faculdade e de volta para o berço, este foi o padrão intelectual nos últimos cinco séculos ou mais.
Mildred se levantou e começou a andar pelo quarto, apanhando coisas e arrumando-as. Beatty a ignorou e continuou:
— Acelere o filme; Montag, rápido. Clique, Fotografe, Olhe, Observe, Filme, Aqui, Ali, Depressa, Passe, Suba, Desça, Entre, Saia, Por quê, Como, Quem, O quê?, Onde, Hein?, Ui! Bum! Tchan! Póim, Pim, Pam, Pum! Resumos de resumos, resumos de resumos de resumos. Política? Uma coluna, duas frases, uma manchete! Depois, no ar, tudo se dissolve! A mente humana entra em turbilhão sob as mãos dos editores, exploradores, locutores de rádio, tão depressa que a centrífuga joga fora todo pensamento desnecessário, desperdiçador de tempo!
— A escolaridade é abreviada, disciplina relaxada, as filosofias, as histórias e as línguas são abolidas, gramática e ortografia pouco a pouco negligenciadas e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego é que conta, o prazer está em toda parte depois do trabalho. Por que aprender alguma coisa além de apertar botões acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas? [...]"
Fonte: BRADBURY, R. Fahrenheit 451. Trad. Cid Knipel, São Paulo: Globo, 2012, p. 77-78.
Analise o excerto abaixo e julgue as assertivas quanto aos recursos linguísticos empregados no texto. Em seguida, assinale a alternativa CORRETA.
"[...] Clique, Fotografe, Olhe, Observe, Filme, Aqui, Ali, Depressa, Passe, Suba, Desça, Entre, Saia, Por quê, Como, Quem, O quê?, Onde, Hein?, Ui! Bum! Tchan! Póin, Pim, Pam, Pum!"
I. O uso de sequência de verbos sem complemento contribui para dar o efeito de rapidez da mudança e simplificação que ocorreu com os produtos culturais.
II. O predomínio do imperativo faz alusão a uma sociedade que manipula seus cidadãos de forma imperceptível por meio de produtos culturais.
III. A gradação dos recursos linguísticos do trecho, que inicia com verbo e termina com onomatopeia, contribui para evidenciar o processo de simplificação dos produtos culturais.
IV. A anáfora do trecho, iniciada com verbos de comando e finalizada com onomatopeias, contribui para a crítica acerca do processo de simplificação dos produtos culturais.
Apenas as assertivas I e II estão corretas.
Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.
Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.
Todas as assertivas estão corretas.
Assertiva I: correta. Ao optar por uma sequência de verbos sem complementos, o autor cria um exercício metalinguístico, no qual a estrutura da sentença auxilia a interpretar o assunto discutido por ele. Nesse sentido, a falta de objetos verbais se relaciona à sociedade que se esvazia cada vez mais de conteúdo e busca, principalmente, a velocidade das ações.
Assertiva II: correta. O uso de verbos imperativos, cuja finalidade é expressar uma ordem, é comumente associado à função apelativa. Trata-se, portanto, de uma estratégia comunicativa usada para persuadir o receptor de uma mensagem. No contexto em que ocorre, esse uso faz uma crítica à sociedade de controle, na qual não há espaço (tampouco desejo) para questionar as imposições que são feitas, muitas vezes de modo imperceptível.
Assertiva III: correta. No trecho, há uma divisão em dois grupos verbais: o primeiro é formado por verbos de ação, enquanto o segundo é estruturado por onomatopeias. Considerando-se o contexto dessa construção, é possível estabelecer uma relação de gradação decrescente entre esses dois grupos, fundamentada na ideia de que verbos exigem ação, reflexão, pensamento, em contraste a onomatopeias, relacionadas, sobretudo, a impulsos humanos e interjeições. Desse modo, o autor revela que, no decorrer da história humana, o comportamento das pessoas deixa de ser associado a ações reflexivas e passa a ser atrelado a rompantes instintivos, o que explicita uma regressão intelectual.
Assertiva IV: incorreta. Embora o processo de gradação entre os verbos e as onomatopeias contribua para a crítica do texto, não ocorre anáfora no período. Essa figura de linguagem consiste na repetição de uma mesma palavra ou expressão, sobretudo quando feita no início de uma oração. No trecho, existe apenas uma reiteração da mesma classe de palavras, sem repetição do mesmo vocábulo.
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