Questão 1 - 2ª Fase - Dia 4 - ITA 2026

Gabarito

  • Questão ativa

  • Já visualizadas

  • Não visualizadas

  • Resolução pendente

  • ANL

    Questão anulada

  • S/A

    Sem alternativas

Questão 1

Objetiva
1

Leia o texto a seguir para responder às questões 1 e 2.

     “Prefiro a prosa ao verso, como modo de arte, por duas razões, das quais a primeira, que é minha, é que não tenho escolha, pois sou incapaz de escrever em verso. A segunda, porém, é de todos, e não é — creio bem — uma sombra ou disfarce da primeira. Vale pois a pena que eu a esfie, porque toca no sentido íntimo de toda a valia da arte.

     Considero o verso como uma coisa intermédia, uma passagem da música para a prosa. Como a música, o verso é limitado por leis rítmicas, que, ainda que não sejam as leis rígidas do verso regular, existem todavia como resguardos, coações, dispositivos automáticos de opressão e castigo. Na prosa falamos livres. Podemos incluir ritmos musicais, e contudo pensar. Podemos incluir ritmos poéticos, e contudo estar fora deles. Um ritmo ocasional de verso não estorva a prosa; um ritmo ocasional de prosa faz tropeçar o verso.

     Na prosa se engloba toda a arte — em parte porque na palavra se contém todo o mundo, em parte porque na palavra livre se contém toda a possibilidade de o dizer e pensar. Na prosa damos tudo, por transposição: a cor e a forma, que a pintura não pode dar senão diretamente, em elas mesmas, sem dimensão íntima; o ritmo, que a música não pode dar senão diretamente, nele mesmo, sem corpo formal, nem aquele segundo corpo que é a ideia; a estrutura, que o arquiteto tem que formar de coisas duras, dadas, externas, e nós erguemos em ritmos, em indecisões, em decursos e fluidezas; a realidade, que o escultor tem que deixar no mundo, sem aura nem transubstanciação; a poesia, enfim, em que o poeta, como o iniciado numa ordem oculta, é servo, ainda que voluntário, de um grau e de um ritual.”

Fonte: PESSOA, Fernando. O livro do desassossego. São Paulo: Brasiliense, 1986. Disponível em http://arquivopessoa.net/textos/4527

Segundo os argumentos desenvolvidos, o narrador

Alternativas

  1. A

    prefere a prosa ao verso como subterfúgio para sua incapacidade de escrever poemas.

  2. B

    crê que as leis rítmicas, próprias dos versos, restringem a livre expressão do pensamento.

  3. C

    julga que a prosa, ao prescindir de estrutura rítmica, compromete a manifestação das ideias.

  4. D

    diz que o ritmo acidental do verso impede a prosa, assim como o da prosa afeta o verso.

  5. E

    atesta que a prosa, ao valer-se de transposições, procura imitar outras formas de arte.

Gabarito:
    B

No segundo parágrafo, o autor afirma que os versos apresentam uma limitação ao processo de criação textual. Essa limitação ocorre porque a liberdade autoral é vedada pela obrigação de criar rimas no texto; assim, a prosa permite maior autenticidade porque sua principal preocupação não está atrelada à forma com que o conteúdo é transmitido, o que permite uma livre associação das ideias. Para o autor, portanto, a liberdade criativa da prosa é um argumento universal para sobrepô-la aos versos, demonstrando que ela pode ser considerada como um exercício textual de maior maturidade artística.

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