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Leia o texto a seguir para responder às questões 14 e 15.
"Já temos memória desde o primeiro dia em que nos deram à luz! Temos lembranças assim que acordamos, lembramos que o mundo é magnífico, sentimos um vazio no estômago, uma fralda pesada, molhada, e lembramos que, se chorarmos, milagrosamente aparece alguém que nos livra do desconforto.
[...]
O renascimento de um fato psicológico passado, seu reconhecimento e localização são as condições necessárias das lembranças. Ou da memória. Elimine um deles, não será lembrança, mas reminiscência. Você olha uma pessoa na rua, pensa reconhecê-la, imagina que já a viu antes, mas não sabe dizer quando nem onde. Há o retorno de um fato passado e o reconhecimento, mas falta a localização: não há lembrança. Henri Bergson escreveu sobre isso. Um teste clínico simples para detectar a falta de memória, como pacientes com Alzheimer, é perguntar onde e em que ano estamos.
[...]
A memória é uma mágica não desvendada. Um truque da vida. Uma memória não se acumula sobre a outra, mas ao lado. A memória recente não é resgatada antes da milésima. Elas se embaralham. Minha mãe, com Alzheimer, não se lembra do que comeu no café da manhã. Minha mãe, com Alzheimer, vê meu filho de um ano, que é a minha cara, e o reconhece. Não acha que sou eu, mas o chama de filhinho, de meu filhinho. E sempre diz:
— É a coisa mais linda.
E às vezes se confunde e diz:
— Ela é a coisinha mais linda.
Pode ser ela, a criança. Pode ser que, por ter tido quatro filhas, todos os bebês se tornem elas. Minha mãe reclama muito quando o levamos embora."
Fonte: PAIVA, Marcelo Rubens. Ainda estou aqui. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015, p. 17-19.
De acordo com as informações do texto, depreende-se que
as memórias se embaralham e se ordenam lado a lado em portadores de Alzheimer, assim as recentes são preservadas, e as antigas se perdem.
a citação a Henri Bergson, que constitui um argumento de senso comum, comprova que a memória é um fenômeno elucidado.
as lembranças podem não seguir uma ordem temporal, razão pela qual coexistem de forma desorganizada.
a desorientação espaço-temporal não pode ser usada de forma segura na detecção de pacientes com Alzheimer.
a mãe do narrador, ao chamar o neto de "filhinho", sinaliza seu desejo de ter tido mais um filho.
O texto aponta que a faculdade humana da memória, ainda pouco explorada pela ciência, não segue uma linha cronológica e definida de modo constante na mente humana. Prova disso é a capacidade do cérebro de relembrar eventos muito antigos com a mesma velocidade ou precisão com que se recorda de eventos recém-ocorridos. Dessa forma, a memória não deve ser interpretada como um fio condutor linear em que as recordações se agrupam uma após a outra; as recordações humanas são capazes de se agrupar em um “embaralhamento” de ideias, no qual todas podem coexistir ao lado das demais.
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