Questão 60 - Unicamp - Q e X - Unicamp 2026

Gabarito

Questão 60

Objetiva
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Em seu ensaio “A vida não é útil”, Ailton Krenak elege Carlos Drummond de Andrade como um de seus “escudos”. Ele cita a última estrofe de “O Homem; as Viagens”, poema publicado em As impurezas do Branco (1973). Reproduzimos, a seguir, a primeira e a segunda estrofe desse poema:

“O Homem; as Viagens

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
(...)”.

(ANDRADE, C. D. O Homem; As viagens, As impurezas do Branco. In: Poesia Completa.
Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, p. 718, 2002.)
(KRENAK, A. A vida não é útil. Pesquisa e organização de Rita Carelli. São Paulo: Companhiadas Letras, 2020.)

Em relação às reflexões de Ailton Krenak, é correto afirmar que esse trecho do poema

Alternativas

  1. A

    responsabiliza a ciência e tecnologia, desgastadas em seus valores, pela corrosão das relações nas sociedades contemporâneas.

  2. B

    mostra que os Homens, guiados pela ideia de progresso, não adotam uma postura consciente em relação ao seu espaço.

  3. C

    evidencia que a Terra, desgastada em seus valores, foi superada pelos elementos da conquista espacial.

  4. D

    identifica a aniquilação das sociedades contemporâneas nos programas de governos persuadidos pelo progresso.

Gabarito:
    B

     No poema “O Homem; as Viagens”, de Carlos Drummond de Andrade, percebe-se uma crítica à ideia de progresso como fuga e repetição, e não como transformação consciente do mundo.

     O homem, entediado e insatisfeito com a Terra, parte para outros planetas e neles repete os mesmos gestos de domínio e destruição, sem reflexão crítica. A escolha vocabular de termos como “coloniza” e “civiliza” reforçam essa ideia. Esses verbos, colocados em sequência, revelam ironia: aonde o homem chega, ele repete o mesmo modelo, produzindo os mesmos problemas. A visão do eu lírico drummondiano dialoga diretamente com as reflexões de Ailton Krenak, que denuncia a lógica de progresso ocidental em expansão desenfreada, sem respeito à Terra e sem consciência ecológica. 

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