Dissertativa 3 - 2ª Fase - Dia 1 - Unicamp 2026

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Questão 3

Dissertativa
3

Leia o excerto a seguir para responder aos itens (a) e (b).

“Penetramos na sala contígua, onde parei um bocado, a ver os retratos de família. O Mestre não rompera com a tradição, que os quer na sala de visitas. Aí os tinha, e não no seu gabinete de trabalho. Havia uma galeria de mais de seis veneráveis retratos de homens de outros tempos, agaloados*, uns, e cheios de veneras**, todos; e de algumas senhoras. Sem bigodes, de barba em colar, com um olhar imperioso e sobrecenho carregado, um deles me pareceu que ia erguer o braço de sob a moldura dourada, para sublinhar uma ordem que me dizia respeito. Cri que ia ordenar: metam-lhe o bacalhau***.”

* agaloado = que tem a farda guarnecida de galões, distintivos dourados nos ombros.
** venera = medalha
*** bacalhau = chicote, açoite

(BARRETO, L. Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá. São Paulo: Edição da Revista do Brasil, 1919, p. 95.)

a) A partir desse excerto e da leitura da obra, indique a origem social de Gonzaga de Sá e de Augusto Machado. Justifique sua resposta com base no excerto.

b) Que percepção cada personagem exprime em relação ao passado ou ao futuro do Brasil? Recupere dois episódios do romance que fundamentem sua resposta, sendo um para cada personagem.

Resolução:

a) O protagonista, que é o biografado, M. J. Gonzaga de Sá é branco, tem cerca de 60 anos de idade e de origem de familiar rica, cujas raízes são lembradas pelos retratos dos familiares espalhados pela casa: “O Mestre não rompera com a tradição, que os quer na sala de visitas.” Além disso, o pai era militar do exército e a família carregava um sobrenome importante que remonta à fundação da cidade do Rio de Janeiro: “Sá”. Já o biógrafo e narrador, Augusto Machado é mais jovem, negro e de uma condição social humilde, em algumas passagens da obra, por exemplo quando os amigos foram ao teatro, é tratado de maneira preconceituosa. No referido trecho, a passagem “um deles me pareceu que ia erguer o braço sob a moldura dourada, para sublinhar uma ordem que me dizia respeito. Cri que ia ordenar: metam-lhe o bacalhau” evidencia a submissão ainda presente na sociedade em relação aos negros, remetendo ao passado escravista.

b) M. J. Gozanga de Sá critica a urbanização do começo do século XX, no Rio de Janeiro, a partir do programa de governo do prefeito Pereira Passos, conhecido como Bota-abaixo. Numa passagem, o narrador  (Augusto Machado) nos conta que o amigo, numa tarde ensolarada, foi visitar um casarão e voltou depecionado com o que viu: Pobre Gonzaga! A casa tinha ido abaixo. Que dor!  Assim vivendo todo o dia nos mínimos detalhes da cidade, o meu benévolo amigo...”. Tal trecho evidencia a visão crítica do próprio autor que defendia que o programa era uma higienização social. Augusto Machado, durante um desfile militar, critica a postura dos populares que demonstravam empolgação diante de símbolos patrióticos que sequer entendiam. Em linhas gerais, os dois personagens apresentam visões mais pessimistas sobre o futuro do Brasil, naquele momento.

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