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Texto para a questão 5.
“E, por mais que forcejasse, não se convencia de que o soldado amarelo fosse governo. Governo, coisa distante e perfeita, não podia errar. O soldado amarelo estava ali perto, além da grade, era fraco e ruim, jogava na esteira com os matutos e provocava-os depois. O governo não devia consentir tão grande safadeza. Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se:
—Bem, bem. Não há nada não.
Havia muitas coisas. Ele não podia explicá-las, mas havia...
Fossem perguntar a seu Tomás da bolandeira, que lia livros e sabia onde tinha as ventas. Seu Tomás da bolandeira contaria aquela história. Ele, Fabiano, um bruto, não contava nada. Só queria voltar para junto de sinha Vitória, deitar-se na cama de varas. Por que vinham bulir com um homem que só queria descansar? Deviam bulir com outros.
—An!
Estava tudo errado.
—An!
Tinham lá coragem? Imaginou o soldado amarelo atirando-se a um cangaceiro na catinga. Tinha graça. Não dava um caldo”.
Fonte: RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 80. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.
Um dos recursos mais frequentes em Vidas Secas é o discurso indireto livre. Sobre esse expediente, assinale a INCORRETA.
A fusão da fala do narrador com a do personagem causa proposital ambiguidade.
Ele acentua situações traumáticas do personagem que se autodetermina em detrimento da voz narrativa.
Do ponto de vista gramatical, a expressão é do narrador; do semântico, pertence a Fabiano.
Esse recurso compensa em parte a dificuldade do personagem em verbalizar pensamentos e desejos.
Há conciliação do discurso direto e indireto sem conectivos subordinantes.
O discurso indireto livre consiste na exposição do pensamento do personagem dentro do discurso do narrador.
Em Vidas Secas, esse tipo de discurso é por demais corriqueiro em razão da dificuldade de o leitor conseguir entender os personagens que não possuem domínio da linguagem e se comunicam de maneira precária. Esse foi um expediente de grande valia explorado por Graciliano Ramos. O discurso indireto livre, nesse romance, favorece esse entendimento do leitor.
A alternativa B é a incorreta, pois esse discurso não prejudica a voz do narrador e a voz do personagem não fica indicada com exatidão, pois ela se mistura à do narrador.
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