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Texto para as questões 14 e 15.
Parabolicamará
Gilberto Gil
Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena parabolicamará
Ê, volta do mundo,
Ê, ê, mundo dá volta, camará
Antes longe era distante
Perto, só quando dava
Quando muito, ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes, den de casa, camará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
De jangada leva uma eternidade
De leva uma encarnação
Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra aprumar o balaio
Quando sentia que o balaio ia escorregar
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
Esse tempo nunca passa
Não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabaça
Nem tá preso nem foge
No instante que tange o berimbau, meu camará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo da volta, camará
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
De avião, o tempo de uma saudade
Esse tempo não tem rédea
Vem nas asas do vento
O momento da tragédia
Chico, Ferreira e Bento
Só souberam na hora do destino apresentar
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
Glossário:
forma reduzida como os jogadores de capoeira, luta-dança afrobrasileira, usam se chamar, enquanto dançam e cantam.
embarcação de pouco fundo e boca larga, um a dois mastros, usada para transporte de pessoal e carga ou para pescar.
FONTE: GIL, Gilberto. Parabolicamara.1992. Disponível em: https://gilbertogil.com.br/noticias/producoes/detalhes/parabolicamara/
Na canção, o tempo é concebido sob diversas perspectivas. Em quais versos nota-se a representação de tempo como metáfora para rapidez?
“Antes longe era distante / Perto, só quando dava”.
“Ê volta do mundo, camará / Ê volta do mundo, camará”
“Esse tempo não tem rédea / Vem nas asas do vento”
“De jangada leva uma eternidade / de saveiro uma encarnação”.
“Esse tempo nunca passa / Não é de ontem nem de hoje”.
Na canção, a imagem de uma rédea, objeto usado para controlar um cavalo domesticado, é usada em sentido metafórico para criar a noção de que o tempo não pode ser controlado, pois segue seu fluxo de forma livre. Além disso, a imagem do vento, consensualmente associado à imprevisibilidade, reforça o sentido de que ele não depende da vontade humana para se manifestar. Com isso, as duas imagens, associadas ao contexto da canção, criam a tese de que o tempo ocorre de forma acelerada, incontrolável e em um fluxo contínuo.
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