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Texto para as questões de 9 a 11.
"Fez Cristo aos Apóstolos pescadores de homens, que foi ordená-los de pregadores; e que faziam os Apóstolos? Diz o texto que estavam: Reficientes retia sua: "Refazendo as redes suas"; eram as redes dos Apóstolos, e não eram alheias. Notai: Retia sua: Não diz que eram suas porque as compraram, senão que eram suas porque as faziam; não eram suas porque lhes custaram o seu dinheiro, senão porque lhes custavam o seu trabalho. Desta maneira eram as redes suas; e porque desta maneira eram suas, por isso eram redes de pescadores que haviam de pescar homens. Com redes alheias, ou feitas por mão alheia, podem-se pescar peixes, homens não se podem pescar. A razão disto é porque nesta pesca de entendimentos só quem sabe fazer a rede sabe fazer o lanço. Como se faz uma rede? Do fio e do nó se compõe a malha; quem não enfia nem ata, como há de fazer rede? E quem não sabe enfiar nem sabe atar, como há de pescar homens? A rede tem chumbada que vai ao fundo, e tem cortiça que nada em cima da água. A pregação tem umas coisas de mais peso e de mais fundo, e tem outras mais superficiais e mais leves; e governar o leve e o pesado, só o sabe fazer quem faz a rede. Na boca de quem não faz a pregação, até o chumbo é cortiça. As razões não hão de ser enxertadas, hão de ser nascidas. O pregar não é recitar. As razões próprias nascem do entendimento, as alheias vão pegadas à memória, e os homens não se convencem pela memória, senão pelo entendimento." [...]
Fonte: VIEIRA, Antônio. Sermão da Sexagésima. Sermões de quarta-feira de cinza . São Paulo: Moderna, 2017.
Assinale uma alternativa que apresenta a análise coerente do trecho “[...] na boca de quem não faz a pregação, até o chumbo é cortiça”.
Apresenta metáforas que acabam por formar ideias em antítese.
Trata-se de imagem sinéstica, de apelo sensorial.
Está em sentido literal e se refere ao elemento aplicado nas redes de pescaria.
Constitui hipérbole que amplifica a importância do pregador e da sua fala.
É um eufemismo que amortece o teor crítico em relação ao “que não faz pregação”.
Em uma rede de pesca, o chumbo é utilizado como peso entre os fios que a compõem para garantir que afundem e, por consequência, capturem peixes. A cortiça, por sua vez, é usada como uma boia para evitar que a rede se afunde completamente. No contexto do sermão, portanto, as duas palavras devem ser interpretadas em sentido figurado: a pregação, metaforizada na figura da rede, não pode apresentar um teor complexo oculto, imagem metaforizada em “chumbo”, tampouco aparente simplório, imagem metaforizada em “cortiça”. Assim, o sermão trabalha com a alegoria entre os dois elementos, estabelecendo entre eles uma relação de oposição.
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