Redação - 2ª Fase - 1º Dia - Fuvest 2026

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A seguir, encontram-se 6 textos que compõem a coletânea de apoio para 2 propostas de redação, das quais apenas uma deverá ser escolhida.

Texto 1:

   W. comenta que, durante a guerra, ele e outros prisioneiros foram escalados para limpar um hospital de campanha nos arredores da cidade de Lviv, na atual Ucrânia. Lá chegando, ele foi levado ao quarto de um jovem oficial nazista que, gravemente ferido e ciente da proximidade da morte, desejava pedir perdão a um judeu pelos crimes que havia cometido contra membros da comunidade judaica.

   Na ocasião, chocado com a confissão do nazista e sem saber se aquilo tudo não era uma armadilha, o autor deixou o quarto em silêncio. Anos mais tarde, porém, ao refletir sobre o episódio, ele resolveu questionar alguns dos seus conhecidos: “E você, o que teria feito no meu lugar?”.

   Entre os comentários ao relato de W., o meu predileto foi escrito pelo filósofo H., amplamente reconhecido pelo seu ativismo em prol dos direitos civis nos Estados Unidos das décadas de 1950 e 1960.

   Em resposta a W., H. escreve que não teria perdoado o oficial nazista. No entanto, o que mais me chamou atenção no texto de H. não foi exatamente a sua conclusão, mas a maneira como ele construiu o seu raciocínio, utilizando-se do mesmo gênero textual de W., isto é, a partir de uma narrativa.

   Antes de dizer o que ele teria feito no lugar do sobrevivente, H. relata uma situação vivida por S. (1853-1918), o rabino de Brest, na atual Belarus, muito admirado tanto pela sua afabilidade quanto pelo seu grande conhecimento do Talmud.

   Certa vez, em um trem que partia lotado de Varsóvia para Brest, o rabino sentou-se junto a um grupo de caixeiros-viajantes que passava o tempo a jogar cartas. Um deles, incomodado pela postura de S., que nunca havia jogado baralho e se recusava a participar das apostas, resolveu enxotar o rabino do vagão.

   Sem conseguir encontrar outro assento vago, S. passou horas em pé até alcançarem Brest. Já na cidade, para a surpresa do caixeiro-viajante, que ignorava a sua identidade, o rabino foi recebido por uma multidão de admiradores.

   Ao tomar conhecimento de que o homem que ele havia agredido era o rabino de Brest, o caixeiro-viajante apressou-se em lhe pedir desculpas, mas todos os seus pedidos e promessas de caridade foram refutados pelo rabino.

   Vendo que o caixeiro-viajante estava claramente angustiado com toda aquela situação, o filho mais velho de S. resolveu questionar o pai sobre a dureza da sua decisão, ao que o rabino respondeu: “Meu filho, eu não tenho condições de perdoá-lo. Ele não sabia quem eu era. Ele ofendeu um homem comum. Deixe que o caixeiro-viajante vá até ele e lhe peça perdão”.

   Para H., essa anedota nos ensina que ninguém tem o direito de perdoar uma ofensa cometida contra outra pessoa. Há, no entanto, algo de extraordinário na maneira como ele opta por também contar uma história para comunicar o seu posicionamento. Isto é assim pois uma narrativa possui espaços vazios e inconsistências que abrem margem para a discordância.

Juliana de Albuquerque. “Súplica de oficial nazista provoca reflexão sobre limites do perdão”. Folha de S.Paulo. 03.04.2025. Adaptado.

Texto 2:

   O rancor do pai veio à tona mais forte ainda, compareceu inteiro, profundo. Culpou seu José não pelo que ele, Venâncio, tinha feito, mas pelo que ele era. Por não ter escapado do que viveu, não ter se transformado em outra coisa. Tentava se defender, argumentava consigo mesmo que não tinha escolhido jogar o filho longe, não tinha era sido capaz de não jogar. Maldito. A liberdade é uma conversa fiada, é palavra de efeito, sempre no meio de uma frase para impressionar os desalentos, no fundo estamos presos à incapacidade de ser outra coisa diferente do que somos, do que a história da gente tramou. Queria uma saída, divagava. Apertou o filho nos braços e implorou a Deus pela vida dele. O que ele tinha feito não tinha perdão. Negociou. O perdão não existe justamente para perdoar o imperdoável? As bobagens, os pequenos atritos, os erros aceitáveis não precisam tanto de perdão, basta uma boa vontade, um pouco de amor e tempo, e tudo se dissolve.

Carla Madeira. Tudo é rio.

Texto 3:

Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão.

Porque os outros têm medo mas tu não.

 

Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.

 

Porque os outros se compram e se vendem

E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.

 

Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Mar novo.

Texto 4:

Foto:􀂬Abdel􀂬Kareem􀂬Hana/AP.􀂬
Cessar-fogo􀂬em􀂬Gaza􀂬permite􀂬o􀂬regresso􀂬à􀂬casa.

Texto 5:

Nosso lar se enfeitou

A esperança germinou

Ah, tem muita flor pra todo lado

 

Pra curar a minha dor

Procurei um bom doutor

Me mandou beijar teu beijo mais molhado

 

Seja do jeito que for

Eu te juro meu amor

Se quiser voltar, tá perdoado!

Arlindo Cruz. Tá perdoado.

Texto 6:

Não me queixo; nunca me queixei de cousa nenhuma: quando estimo alguém, perdoo; quando não estimo, esqueço. Perdoar e esquecer é raro, mas não é impossível; está nas tuas mãos.

Machado de Assis. Iaiá Garcia.

PROPOSTA 1

Redija um texto dissertativo-argumentativo, no qual seja exposto seu ponto de vista sobre o tema: O perdão é um ato que pode ser condicionado ou limitado.

PROPOSTA 2

Redija uma carta a uma personagem hipotética que o(a) tenha acusado falsamente da prática de um ato moralmente reprovável, explicando as razões pelas quais você lhe concede ou não o perdão. Sua redação deve conter, necessariamente, as partes que compõem a estrutura de uma carta. ATENÇÃO: assine sua carta com o termo “Nome”.

Instruções:

  • Escolha uma das propostas e marque, na folha de redação, a opção selecionada.

  • A redação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.

  • Escreva com letra legível e não ultrapasse a quantidade de linhas disponíveis na folha de redação.

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