Questão 2 - 1ª Fase - Einstein 2025

Gabarito

  • Questão ativa

  • Já visualizadas

  • Não visualizadas

  • Resolução pendente

  • ANL

    Questão anulada

  • S/A

    Sem alternativas

Questão 2

Objetiva
2

Para responder às questões de 02 a 05, leia a crônica “Dever de casa”, de Otto Lara Resende, publicada originalmente em 13.09.1992.

   Um fiapo de gente e um feixe de problemas. Agora é uma perguntação que não tem mais fim. Papai, o plural de segunda-feira? Tira os óculos, para de ler a revista. Daqui a pouco é hora do telejornal. Dia cansativo, mas pai é pai. Segunda-feira, segunda-feira. Murmurinha, como se procurasse na memória algo que não sabe o que é. Segunda-feira, pai. Ah, sim. O plural dos nomes compostos. Ao menos isso não terá mudado.
   Mudam tudo neste país. Depois querem ter jurisprudência. Ainda hoje andou lendo um acórdão. Ementa malfeita. Segunda-feira no plural. Não tem mais o que inventar. Segundas-feiras. Variam os dois elementos. Fácil, óbvio. Entendeu?
   Nem tinha retomado a leitura e lá vem outra perguntinha. Quarta-feira é abstrato ou concreto? Essa, agora. Primeiro vamos saber se é mesmo substantivo. Nenhuma dúvida. É substantivo. Abstrato?
   Concreto. A professora disse que é concreto. Pai é pai. Põe tudo de lado e sai sem bater a porta. Concreto, está lá no Celso Cunha, é o substantivo que designa um ser propriamente dito. Nomes de pessoas, de lugares, de instituições. Etc. Quarta-feira. Vamos raciocinar. Nome de um dia. Abstrato designa noção, ação, estado e qualidade. Desde que considerados como seres. Quarta-feira é um ser? Se é um dia, é um ser. Mas concreto? Abstrato. Deve ser abstrato.
   Um dia de matar, o trânsito engarrafado. A dorzinha de cabeça já se instalou. Quarta-feira, papai. Afinal? Outro dia era o aliás. Até que teve sua graça. Que é aliás? Bom, como categoria gramatical, me parece que. Pausa. Mudaram a nomenclatura gramatical toda. […] Aliás, advérbio não é. Ou melhor, é controvertido. Vem do latim. Quer dizer quer dizer, como disse o outro. Será advérbio?
   Esses meninos de hoje, francamente. Gramática ninguém estuda mais. A língua andrajosa, um monte de solecismos. Mas quarta-feira é substantivo abstrato? Concreto, disse a professora. Ora, pinoia. Está começando o telejornal. Mais um fantasma. Mandado de segurança. Mandado e não mandato. Preste atenção, meu filho. Aliás, só faltava essa. […] Fantasma é concreto? Eta Brasil complicado! Aliás, hoje é quarta-feira. Abstrata? Uma vergonha!

(Otto Lara Resende. Bom dia para nascer, 2011.)

Verificam-se nos trechos “Murmurinha, como se procurasse na memória algo que não sabe o que é.” (1º parágrafo), “Não tem mais o que inventar.” (2º parágrafo) e “Essa, agora.” (3º parágrafo) as vozes, respectivamente,

Alternativas

  1. A

    do pai, do pai e do filho.

  2. B

    do narrador, do pai e do pai.

  3. C

    do narrador, do narrador e do filho.

  4. D

    do pai, do narrador e do pai.

  5. E

    do narrador, do pai e do filho.

Gabarito:
    B

A crônica apresenta uma cena do cotidiano usada para tematizar um diálogo entre uma criança e seu pai. Esse diálogo desenvolve-se a partir das constantes perguntas da criança que pede ajuda ao pai para responder a questões levantadas pela escola, provavelmente como um dever de casa. Nesse sentido, o aspecto humorístico da cena deve-se à tentativa do pai de responder corretamente essas perguntas, mesmo tendo dificuldade em fazê-lo. Assim, o trecho “Murmurinha, como se procurasse na memória algo que não sabe o que é.” ilustra uma percepção do narrador ao observar a cena, enquanto os segmentos “Não tem mais o que inventar.” e “Essa, agora.” revelam o aborrecimento do pai ao lidar com as questões apresentadas pela criança.  

2

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