Dissertativas 4 - 2ª Fase Dia 1 - Unicamp 2025

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Questão 4

Dissertativa
4

Em 1843, Gonçalves Dias compôs o poema “Canção do Exílio”, que serviu de inspiração a vários poetas ao longo do tempo, de que são exemplos o poema de José Paulo Paes e a canção de Chico Buarque de Holanda e Tom Jobim, reproduzidos a seguir.

a) Identifique, em cada poema, a posição do eu lírico em relação ao exílio. Justifique sua resposta apontando elementos de ambos os textos.


b) Os dois poemas reproduzidos acima apresentam “negações”, a exemplo das que vemos nos versos “sem olhar sobre o meu ombro”, “não vi terras de passagem”, “não vi glórias nem escombros”, “que já não sei mais voltar”, “(...) uma palmeira que já não há”, “(...) a flor que já não dá”. Interprete comparativamente, em cada um dos poemas, o sentido da recorrência das negações.

Resolução:

a) No poema de José Paulo Paes, o eu lírico experiencia um exílio por conta própria, sem intenção ou necessidade de retorno, como pode ser percebido nos versos “sem olhar para meu ombro” e “Não vi terras de passagem/Não vi glórias nem escombros”, o que revela também um posicionamento de total distanciamento do local de origem. É possível afirmar, ainda, que se trata de uma experiência que percorre toda a sua vida, marcada pela perda total de qualquer vínculo com esse lugar, como visto em “Andei tanto nesta rua/Que já não sei mais voltar”. 

Por outro lado, na canção "Sabiá", o eu lírico se mostra determinado a voltar, o que pode ser percebido pelo tom saudosista, ainda que seu lugar de origem não seja mais o mesmo. Nesse caso, verbos no futuro do indicativo reforçam a certeza de retorno, como em “Vou voltar/Sei que ainda vou voltar”, versos repetidos no início das três estrofes. 

(Vale ressaltar que o poema de José Paulo Paes tem como título “Canção de exílio”, não “Canção do exílio”, como grafado na questão.)  

b) No poema de José Paulo Paes, as negações são usadas para criar a ideia de indiferença e de rompimento de relações quanto ao retorno para o lugar que deixou, ideia que pode ser vista no verso “sem olhar para meu ombro”, revelando inclusive um deslocamento que impossibilita o retorno, como se evidencia em “Já não sei mais voltar”. Por outro lado, no poema “Sabiá”, a atitude do eu lírico em relação ao passado é de retomada, que ocorre por meio de suas lembranças saudosistas. Dessa forma, a repetição das negações revela mudanças pelas quais o espaço deixado passou e, mais do que isso, as negações trazem uma relação conflituosa na certeza do retorno, já que tal lugar não é mais o mesmo, o que impossibilitaria o retorno da maneira desejada pelo poeta. De qualquer forma, essa consciência não bloqueia seu desejo, como se percebe em “Fiz de tudo e nada de te esquecer”. 

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