Dissertativa 45 - Português e Inglês - ITA 2006

Gabarito

  • Questão ativa

  • Já visualizadas

  • Não visualizadas

  • Resolução pendente

  • ANL

    Questão anulada

  • S/A

    Sem alternativas

Questão 45

Dissertativa
45

O poema ao lado, de Manuel Bandeira, faz parte do livro Libertinagem (1930).

Poema de finados

Amanhã que é dia dos mortos

Vai ao cemitério. Vai

E procura entre as sepulturas

A sepultura de meu pai

 

Leva três rosas bem bonitas.

Ajoelha e reza uma oração.

Não pelo pai, mas pelo filho.

O filho tem mais precisão.

 

O que resta de mim na vida

É a amargura do que sofri.

Pois nada quero, nada espero.

E em verdade estou morto ali.

 

Acerca desse poema, responda:

A) Por que o tema da morte ganha um tratamento diferente e mais sóbrio neste poema modernista, do que o que recebe no poema romântico da Álvares de Azevedo, da questão 37?

B) Citando alguma passagem do poema de Bandeira, explique por que se pode dizer que a emoção também está presente no poema do escritor modernista, mas distante da forma exagerada com que ela aparece no texto do poeta romântico.

Resolução:

A)  Embora ambos estejam assentados sob o tema da morte, há diferenças fundamentais entre ambos no tratamento do referido tema:

  1. No poema de Álvares de Azevedo, a morte real é hipotética, desejo apenas; a sobriedade, se é que se pode denominar assim, é a morte ideal no texto de Bandeira, anunciada a partir do título (“Poema de finados” = poema dos que já se encontram efetivamente mortos);
  2. O outro aspecto de sobriedade de Bandeira é a maneira como o tom confessional do eu-lírico se coloca em relação ao leitor, como em remissão: “O que resta de mim na vida / É a amargura do que sofri”.

B)  O tom do eu-lírico do “Poema de Finados”, como já o dissemos, é de dor contida, sem exclamações, um pedido a quem desvenda o poema:

“Vai ao cemitério” / “E procura entre as sepulturas”

“Leva três rosas” / “Ajoelha e reza”

Por fim, evidenciam-se, ainda, os contrastes entre um e outro poeta:

“Quanta glória pressinto em meu futuro!” (A. Azevedo)

“Pois nada quero, nada espero”. (Bandeira)

Portanto, há em Bandeira o tom de humanidade reconhecido e aceito, distante de qualquer exagero romântico.

45

Downloads

  • Outros arquivos

Fique por dentro das novidades

Inscreva-se em nossa newsletter para receber atualizações sobre novas resoluções, dicas de estudo e informações que vão fazer a diferença na sua preparação!