Questão 69 - Unicamp - S e Z - Unicamp 2026

Gabarito

Questão 69

Objetiva
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Em 1937, um golpe de Estado instaurou o Estado Novo no Brasil, um regime autoritário. Diferentes leituras do golpe de Vargas foram publicadas no jornal The New York Times, ilustrando o impacto difuso daquele evento na imprensa. De um lado, escrevendo da Argentina, o chefe dos correspondentes na América Latina, John White, afirmou o caráter “pseudo-fascista” do movimento, registrando a atuação dos censores sobre o trabalho dos correspondentes internacionais que atuavam no Brasil. White destacava o apoio alemão ao novo regime brasileiro e os desafios de centralizar o poder nas mãos de Getúlio Vargas. De outro lado, Frank Garcia, correspondente do The New York Times, que atuava então no Brasil, comentou:

Eu posso dizer que, embora tenha havido censura, eu não tive dificuldades em enviar matérias ao The New York Times. Elas foram telegrafadas sem nenhum problema. Essa nova Constituição configura o Estado um tanto fascista, mas não inteiramente. É mais democrático que fascista. Na verdade, é nacionalista.

(Adaptado de LINS, L.F.T. de S. Notícias de falsos vendavais: o golpe do Estado Novo de 1937 e o discurso de junho de 1940 nos jornais estadunidenses. História: Debates e Tendências, vol. 19, n. 2, p. 332-351, 2019.)

Sobre a repercussão internacional do Golpe do Estado Novo no exterior, podemos afirmar que havia

Alternativas

  1. A

    percepção unânime do pleno alinhamento ideológico do Brasil com governos fascistas.

  2. B

    condenação ao fascismo e sugestão de sanções econômicas em razão do apoio alemão a Vargas.

  3. C

    controvérsias e ambiguidades na caracterização ideológica do novo governo Vargas.

  4. D

    estratégias de resistência à censura imposta aos jornalistas que atuavam no Brasil.

Gabarito:
    C

Como a própria questão afirma em seu texto introdutório, houve uma leitura difusa dos correspondentes do jornal estadunidense The New York Times a respeito dos acontecimentos relativos ao Golpe de Estado promovido por Getúlio Vargas em novembro de 1937, que estabeleceu o início de sua ditadura pessoal, conhecida como Estado Novo. A controvérsia mostra o correspondente John White, que estava fora do Brasil no momento do Golpe, afirmando interpretar o Estado Novo como um momento fascista, destacando as conexões com o nazismo alemão e alertando para a atuação da censura a meios de comunicação e para a centralização do poder nas mãos de Vargas. Já o correspondente Frank Garcia diz que, em sua visão, tratava-se de um movimento mais nacionalista do que fascista, inclusive afirmando a possibilidade de o Estado Novo ser considerado como um período democrático. Há uma postura ambígua de Garcia ao reconhecer haver censura durante o Estado Novo ao mesmo tempo em que afirma categoricamente não ter tido problemas em enviar suas matérias ao jornal para publicação. Vale ressaltar que Frank Garcia estava no Brasil no momento dos acontecimentos, o que pode revelar que seu posicionamento pode ter sido impactado pelo medo de uma possível repressão por parte do governo golpista. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), estabelecido pela ditadura do Estado Novo para formalizar a censura e coordenar a propaganda política do governo, foi criado apenas em dezembro de 1939 e, portanto, a possível censura relatada no texto, no contexto do Golpe do Estado Novo, não pode ser atribuída à atuação direta do DIP.

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