Dissertativa 31 - 2ª Fase - Dia 2 - Unesp 2026

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Questão 31

Dissertativa
31

Para responder às questões 31 e 32, leia o poema de Casimiro de Abreu (1839-1860), escrito originalmente em 1858.

Eu era a flor desfolhada
Dos vendavais ao correr;
Tu foste a gota dourada
E o lírio pôde viver.

Poeta, dormia pálido
No meu sepulcro, bem só;
Tu disseste: — Ergue-te, Lázaro! —
E o morto surgiu do pó!

Eu era sombrio e triste...
Contente, minh’alma é;
Eu duvidava... sorriste,
Já no amor tenho fé.

A fronte que ardia em brasas
A seus delírios pôs fim
Sentindo o roçar das asas,
O sopro dum querubim.

Um anjo veio e deu vida
Ao peito de amores nu:
Minh’alma agora remida
Adora o anjo — que és tu!

(Casimiro de Abreu. As primaveras, 2002.)

a) Cite duas características que permitem filiar esse poema à estética romântica.

b) Na última estrofe do poema, o eu lírico recorre a duas rimas ricas (ou seja, aquelas formadas entre palavras de classes gramaticais diferentes). Cite essas duas rimas, indicando as classes gramaticais das palavras que as compõem.

Resolução:

a) Vinculado à segunda geração do Romantismo no Brasil, Casimiro de Abreu produziu uma poesia de teor nostálgico, permeada pela religiosidade, pela ideia da morte e pela idealização da pátria, da infância e da figura feminina. O poema em questão trabalha diversas características que podem ser vinculadas à estética romântica (o candidato deveria citar apenas duas dessas características):

  1. Individualismo / egocentrismo: a função emotiva da linguagem perpassa todo o poema, o que pode ser percebido pelo uso da primeira pessoa em “eu era” (primeira e terceira estrofes), “meu sepulcro” (segunda estrofe), “minha alma” (terceira e quinta estrofes);
  2. Sentimentalismo exacerbado: em todo o poema, o sujeito lírico ressalta os próprios sentimentos, comparando seu passado de sofrimento ocasionado pela solidão ao seu presente, permeado pela alegria ocasionada pela fé no amor;
  3. Melancolia: o sofrimento decorrente da solidão do eu lírico pode ser percebido em excertos como “Eu era a flor desfolhada”; “Poeta, dormia pálido / No meu sepulcro, bem só”; “Eu era sombrio e triste”;
  4. Morte: a presença da morte aparece de forma metafórica no poema, especialmente na segunda estrofe;
  5. Idealização amorosa: a mulher amada, tu lírico do poema, é metaforizada pela figura do anjo redentor; 
  6. Religiosidade: a intertextualidade com passagens bíblicas é evidente na segunda estrofe do poema: “Tu disseste: - Ergue-te, Lázaro! - / E o morto surgiu do pó!”. Além disso, nota-se, na última estrofe, a redenção da alma devido à alegria proporcionada pelo “anjo”;
  7. Natureza como representação metafórica do eu lírico: “Eu era a flor desfolhada”. 

b)      As duas rimas ricas que aparecem na última estrofe do texto são:

  1. “vida” (substantivo) e “remida” (verbo utilizado no modo particípio com o sentido de adjetivo – caracteriza o substantivo “alma”);
  2. “nu” (adjetivo que caracteriza o substantivo “peito”) e “tu” (pronome pessoal do caso reto)
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