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Para responder às questões de 26 a 28, leia o poema “O ferrageiro de Carmona”, do poeta João Cabral de Melo Neto, publicado originalmente em 1987 no livro Crime na Calle Relator.
Um de
que me informava de um balcão:
“Aquilo? É de ferro fundido,
foi a fôrma que fez, não a mão.
Só trabalho em ferro forjado,
que é quando se trabalha ferro;
então, corpo a corpo com ele;
domo-o, dobro-o, até o onde quero.
O ferro fundido é sem luta,
é só derramá-lo na fôrma.
Não há nele a queda de braço
e o cara a cara de uma forja.
Existe grande diferença
do ferro forjado ao fundido;
é uma distância tão enorme
que não pode medir-se a gritos.
Conhece a em Sevilha?
Decerto subiu lá em cima.
Reparou nas flores de ferro
dos quatro jarros das esquinas?
Pois aquilo é ferro forjado.
Flores criadas numa outra língua.
Nada têm das flores de fôrma
moldadas pelas das campinas.
Dou-lhe aqui humilde receita,
ao senhor que dizem ser poeta:
o ferro não deve fundir-se
nem deve a voz ter diarreia.
Forjar: domar o ferro à força,
não até uma flor já sabida,
mas ao que pode até ser flor
se flor parece a quem o diga.”
(João Cabral de Melo Neto. Poesia completa e prosa, 2008.)
: negociante de ferro; no caso do poema, também ferreiro, ou seja, artesão que trabalha o ferro.
: cidade espanhola.
: Torre de Giralda, em Sevilha.
a) Na sétima estrofe, o ferrageiro estabelece uma comparação entre a ferraria (ou seja, a arte de manusear e modelar o ferro) e a poesia. Nesse contexto, o que significa dizer que “nem deve a voz [da poesia] ter diarreia”?
b) Transcreva um verso da sexta estrofe em que ocorre a elipse de um substantivo. Que substantivo foi suprimido?
a) Ao dizer que a voz da poesia “não deve ter diarreia”, o ferrageiro sugere que a poesia não deve ser prolixa ou descontrolada. Assim como o ferro forjado exige precisão e intenção, a poesia deve ser trabalhada com cuidado, evitando excessos que comprometam a qualidade e o impacto do texto.
b) O verso em que ocorre elipse de substantivo é “moldadas pelas das campinas”. O substantivo ‘flores’ foi omitido em “moldadas pelas (flores) das campinas”. É possível dizer também que há elipse do termo ‘flores’ em “Nada têm das flores de forma”, uma vez que esse termo seria o sujeito oculto do verbo ‘têm’ no plural.
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