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Texto 2
COMO A CIÊNCIA DEFINE O QUE É TEMPO?
1 Há muitas armadilhas a serem enfrentadas para definir o que é o tempo. Absoluto na física clássica,
relativo na física moderna, o conceito continua a intrigar as mentes mais brilhantes.
À luz da Ciência, será que somos mesmo prisioneiros do tempo que avança só em um sentido, isto
é, do presente para o futuro? Contudo, temos uma pergunta a responder antes disso: afinal, o que é
5 tempo?
O tempo é uma das mais fundamentais e intrigantes dimensões da Natureza. Desde a antiguidade,
filósofos, cientistas e poetas têm tentado compreender e definir o tempo. Vamos explorar as várias
perspectivas que têm moldado nossa compreensão dessa dimensão misteriosa.
Na filosofia, o tempo tem sido um tema central de discussão desde os tempos de Platão e Aristóteles.
10 Para Platão, o tempo era uma imagem móvel da eternidade, um conceito abstrato que existia independentemente
do mundo físico. Aristóteles, por outro lado, via o tempo como uma medida do movimento,
algo que só existe em relação à mudança e aos eventos.
Santo Agostinho, um dos grandes pensadores da Idade Média, refletiu profundamente sobre o
tempo, reconhecendo sua natureza paradoxal: “O que é o tempo? Se ninguém me perguntar, eu
15 sei; mas se eu desejar explicar a quem me pergunta, não sei.” Para Agostinho, o tempo estava
intrinsecamente ligado à experiência humana, à memória e à antecipação.
Na física clássica, o tempo era visto como uma constante universal, algo absoluto e imutável. Isaac
Newton imaginava o tempo como um fluxo contínuo e uniforme, uma linha reta que todos os eventos
do universo seguiam.
20 Essa visão foi revolucionada no início do século XX por Albert Einstein e sua Teoria da Relatividade.
Segundo Einstein, o tempo não é absoluto, mas relativo. Ele é flexível e pode ser afetado pela
gravidade e pela velocidade.
A Teoria da Relatividade de Einstein unificou o espaço e o tempo em um único continuum de quatro
dimensões conhecido como espaço-tempo. Nessa visão, o tempo é tratado como uma dimensão
25 semelhante às três dimensões espaciais, mas com características únicas.
No espaço-tempo, eventos são descritos por suas coordenadas espaciais e temporais, e a separação
entre eventos pode ser medida tanto em termos de distância espacial quanto de intervalo temporal.
O tempo também tem uma dimensão psicológica. Nossa percepção dele pode variar dependendo
de nossas experiências e estados mentais. Momentos de alegria podem parecer passar rapidamente,
30 enquanto períodos de espera ou sofrimento podem se arrastar interminavelmente.
A neurociência tem investigado como nosso cérebro processa o tempo, revelando que diferentes
áreas cerebrais estão envolvidas na percepção de intervalos, memória temporal e antecipação de
eventos futuros. E quase sempre confundimos o tempo com a sensação de sua passagem em nossa
vida.
35 Em cosmologia, o tempo é crucial para entender a origem e a evolução do universo. O modelo do
Big Bang sugere que a temporalidade e o espaço começaram há cerca de 13,8 bilhões de anos. Antes
disso, as leis da física, como as conhecemos, podem não ter sido aplicáveis. A questão do que existia
“antes” é ainda um mistério e um campo de intensa pesquisa teórica.
Na mecânica quântica, o tempo também apresenta desafios únicos. Diferentemente da
40 relatividade, em que ele é uma dimensão do espaço-tempo, na mecânica quântica o mesmo é tratado
como um parâmetro que dita a evolução dos estados quânticos. A integração dessas duas visões – a
relativística e a quântica – em uma teoria quântica da gravidade é uma das grandes metas da física
moderna.
Parece impossível tentar definir a temporalidade de uma maneira aplicável a todos os campos da
45 atividade humana sem cair numa circularidade, isto é usar o próprio tempo para definir o tempo.
A Teoria da Relatividade Geral de Einstein desvenda o mistério de por que o tempo observado
de um evento pode variar dramaticamente para diferentes observadores. Em um universo regido pela
Relatividade Geral, a pergunta “Que horas são agora?” só faz sentido em relação a um observador
específico, sublinhando a natureza subjetiva e relativa do tempo.
50 Somos e vivemos por um tempo determinado, imersos na passagem frenética e relativa das horas,
e não há palavras definitivas capazes de capturá-lo. Mas ainda temos a poesia...
LAPOLA, Marcelo. Como a ciência define o que é tempo?, 2024. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/colunistas/quanticas/coluna/2024/06/como-a-ciencia-define-o-que-e-tempo-fisico-explica-entenda.ghtml. Acesso em: 27 de ago. de 2024. (texto adaptado)
Em relacão ao texto 2, considere as seguintes afirmações:
Está(ão) CORRETA(S) apenas a(s) assertiva(s):
I.
II.
III.
I e II.
II e III.
Afirmação I: correta. O termo “que” retoma “perspectivas” e assume função sintática de sujeito de "têm moldado".
Afirmação II: correta. Em “Se ninguém me perguntar”, “me” é objeto indireto. Como o objeto indireto está sendo representado por um pronome pessoal oblíquo átono, não há preposição.
Afirmação III: incorreta. O termo em destaque tem função sintática de complemento nominal, uma vez que completa o sentido de um adjetivo (forma nominal), a saber, “semelhante”.
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